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FERNANDO RAMOS

Minha Poesia


17.08.24

 

 

1040.jpg

 

  • 1040 - MARTÍRIO NEGRO
  •  
  • Ao longe vislumbrava-se a Nau
    Na negra sombra da noite
    Corta ondas dum mar mau
    Na crista da vaga seu açoite
    No tombadilho ia o martírio negro
    Eram escravos de sua negritude
    Seus olhos choravam o medo
    Caindo lágrimas de brutal virtude
  •  
  • Aguardam a sangrenta cidade
    Que suas vistas já alcançam
    Esperam dos senhores crueldade
    E a chibata que p´la ponta dançam
    E as aves canoras embalam
    Cânticos de dor terrível
    Para os escravos que não falam
    Da sua raiva compreensível
  •  
  • Tambores retumbam a chagada
    Das naus que vinham de África
    Traziam miséria e a morte esperada
    Como linha de montagem de fábrica
    E naquela barbárie loucura
    A razão não impôs seu juízo
    O mundo não sabia dessa tortura
    Que hoje devia ser dor e prejuízo
  •  
  • Como foi possível tal calamidade
    Em séculos que se pensa passados
    Mas hoje há outra montruosidade
    Em seres igualmente mal abençoados
    Que também partem p’ra longe
    Em aviões modernos super lotados
    Procuram vida que não é de monge
    E encontram futuros confiscados
  •  
  • De: Fernando Ramos
  •  


14.08.24

 

1039.jpg

 

 

  • 1039 - POVO DA SELECÇÃO
  •    
  • Somos o povo da selecção
  • Que carrega este lindo país
  • Amamo-la com devoção
  • E com ela somos gente feliz
  •  
  • Eles correm, chutam e marcam
  • Golos de grande beleza
  • Nossos ídolos se desmarcam
  • Das derrotas com subtileza
  •  
  • Comovem-se por serem do povo  
  • De tanta história e gloria
  • É gente feliz num país novo
  • Quando alcançam nova vitória
  •  
  • Vamos de bandeiras ao vento
  • Gritando Portugal p'lo mundo fora
  • Nas ruas vai o contentamento
  • Da selecção que o povo adora
  •  
  • Jogadores de técnica apurada
  • Jogam com alma a toda a hora  
  • E o grito da vitória ambicionada
  • Dá o povo que por elas chora   
  •  
  • Lutamos de vitória em vitória
  • Vencemos em qualquer frente
  • Vibramos com feitos da história
  • Somos gente da Nação Valente
  •  
  • De: Fernando Ramos
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  

 

 


12.08.24

 

1038.jpg

  • 1038 - VELHO BOM
  •  
  • Pensa o velho na sua triste vida fria
  • Dum longínquo passado nada faustoso
  • Vê cenas onde o coração já lhe dizia 
  • Serem anos de futuro nebuloso 
  •  
  • A indiferença que lhe mancha a alma
  • É seu tormento e noites apocalípticas
  • Arde-lhe na velhice causando trauma
  • E com ele irá deitada nas tábuas fatídicas
  •  
  • Pobre velho que tantos, tantos te evitam
  • Nas ruas da miséria onde sentes amargura
  • Gentes que por ti passam, e mal te fitam
  • Julgam levar a riqueza que não é segura
  •  
  • E devagarinho lá vai em pensamentos
  • Que se perdem na calçada que pisa
  • O velho caminhante destes lamentos
  • Vai só, e pensando numa farta Suíça
  •  
  • Tudo prometem, ao velho bom
  • Até um outro futuro mais risonho
  • Pintado em telas de muito bom tom
  • Não passam de mentiras que o deixam tristonho
  •  
  • De: Fernando Ramos
  •  
  •  
  •  


10.08.24

 

1037.jpg

 

  • 1037 - PARECE
  •  
  • O ser humano parece que perdeu a moral
  • As boas consciências estão de fugida
    O bom senso aqui e ali vai se corrompendo
    Levado por caminhos pouco convenientes
    Na cidade demasiada agitada vive a incerteza
    Nada é seguro, nada está certo
    A arte da escrita e da leitura está a perder
    A vida parece um rascunho não aproveitado
    A desordem está a ganhar ao silencio
    A palavra dada, perdeu a sua oportunidade séria
    A solidariedade pelo próximo desaparece
    Parece que o medo e a insegurança se instalou
    Para onde vais verdade
    Para onde vais bom senso
    A desonestidade não é o teu caminho final
    Parece que é para lá que te empurram
    E lá te querem manter quieto, sem acção
    Tempos difíceis se aproximam
    E tantos olhares se inquietam
    Num silencio vazio de palavras
    Parece que angustia é um nó bem apertado
    Onde antes a vida era um mar de amor
    Que navegava na tranquilidade
  • Oxalá que só pareça!
  •  
  • De: Fernando Ramos
  •  


04.08.24

 

1036.jpg

 

  • 1036 - DONDE VEM
  •  
  • Donde vem esta saudade
    Que mergulha nas minhas recordações
    Donde vem tantos pensamentos
    Que navegam em lembranças sem autorização
    Donde vem a Angustia que me aperta a alma
    E já vai sendo tarde para se sumir
    Donde vem minhas preocupações e indecisões
    Que só trazem medo do amanhã
  • Num torvelhinho de más emoções infinitas
    Donde vem a insegurança que leva os afectos
    Por caminhos que meu coração não escolheu
    Donde vem a intuição que meu coração lê
    carregando boas horas e outras não
    Donde vem bons pressentimentos
    Que são minha chama imensa de viver
    Donde vem a vontade de brindar ao amor
    Que tanto ensejo nestes tempos
    Donde vens tu vida
    Que és meu sopro e o meu grito
  •  
  • De: Fernando Ramos
     


01.08.24

 

 

1035.jpg

  • 1035 - ADORO TEU SORRISO
  •  
  • Adoro teu lindo sorriso
  • Que me deixa desorientado
    Mas sabes, é bem por isso
    Que por ti estou apaixonado
  •  
  • Falo dele por aí a toda a hora
  • Neste mundo que nos rodeia
    E vou tonto por aí fora
    Gritando o tanto que me incendeia
  •  
  • Teu sorriso me deixa arrepiado
    É tão doce e tão quente
    Afaga meu coração maravilhado
  •  
  • Nas bonitas noites brilhantes
    Onde nos amamos loucamente
    Deitados nas estrelas deslumbrantes
  •  
  • De: Fernando Ramos


29.07.24

 

 

1034.jpeg

 

  •  1034 -  SOFRER DE SOLIDÃO
  •   
  • Não procurar novos caminhos
    Não olhar o sorriso das crianças,
    Ou não ouvir o cantar do rouxinol
    Certamente sofre de solidão
  •  
  • Quem percorre as mesmas ruas
    Os mesmos lugares
    E não tem o prazer de sentir emoção
    De uma obra de Mozartt
    Certamente sofre de solidão
  •  
  • Quem nunca muda
    Mesmo com o passar dos tempos
    E se transforma um ser desconfiado
    Rebelde, e de mau humor constante
    Certamente sofre de solidão
  •  
  • Quem não sente a chama da paixão
    Ou não amou uma única vez
    Ou não teve um sonho de prazer
    Pobre coitado...
    Certamente sofre de solidão
  •  
  • Não sofras mais de solidão
    Abre teu coração ao mundo
    Abre teu sorriso à natureza
    E vem ouvir o riacho
    Que se calhar esteve sempre lá
    Bem próximo de tua porta
    Vem ver o doce florescer das orquídeas
    O esplendoroso amanhecer na primavera
    Vem ver a cor do arco Íris
    Que a vida também nos presenteia
  •  
  • Ouve teu coração, vem ouvir os outros
    Que não sofrem o teu isolamento
    Procura ser feliz nas pequenas coisas
    Que a vida nos regala, e certamente
  • Nunca terás  o sofrimento da solidão!
  •   
  • De. Fernando Ramos
     
  •  
  •  


27.07.24

 

1033.jpg

  • SÓ ME PEDIAM EXPERIENCIA
  •  
  • Subi as arvores quando menino
  • E comia seus saborosos frutos
    Como doces iogurtes
    E quando menino comecei a trabalhar
    E ainda sonhava ser tanta coisa... Tanta coisa
    Até bombeiro, Mágico e Policia
    E quem não o queria ser quando menino?
  • Subi e desci montanhas por trilhos diferentes
    Talvez os menos certos
    Roubei beijos de paixão e outros de ocasião
    Fiz juras de amor que nunca cumpria
    E hoje meu coração bate
    Ao compasso dessa saudade
    Comi o pão que o Diabo amassou
    Que a mim fez bem, e mal
    Mas me moldou como homem
  • Chorei com meus pais nas lamentações
    Tentando conforta-los mas não conseguia
    Já bebi até cair num poço de amargura
    E tive amigos e alguns inimigos
    E lutei para conseguir um ganha pão
    E já fui feliz por coisas de nada
  • Já percorri alguns malefícios da vida
    Já me aconselhei com a noite escura
    Já perguntei às Estrelas pela minha paz
    Já senti a guerra bem perto
    E o cheiro da desgraça
    Já vi o sangue que não era meu
    Numa luta estúpida que levou a nada
    Já fui infeliz por pequenas coisas
  • Conheci mundo ingrato e reles
    Já tive receio de sombras e fantasmas
    Deles fugi de medo e com respeito
    Já senti o agridoce da maldade
    Da insegurança, da solidão e da fúria
    Já trabalhei tanto para sobreviver
    Fazendo tudo que devia e não devia
  • Já fui jardineiro em meus jardins de sonhos
    E em sua relva me deitei até amanhecer
    Já fui expulso e explorado na dignidade
    Já chorei por amigos do coração
    E tanto naveguei num mar de ir e vir
    Procurando um porto
    Talvez o meu bom porto
  • Tanto corri em busca de um salário
    Pisando a calçada da vida      
    Suplicando apenas por um trabalho
    E só me pediam experiência
    Mas qual experiência?
  •  
  • De: Fernando Ramos
     


25.07.24

 

1032-1.jpg

 

1032-2.jpg

 

1032 - AMIGOS DE TODA A EXISTENCIA

  • Cruzam-se pessoas p’la nossa vida

E a casualidade desse caminho
Por vezes nos deixam felizes
Algumas delas seguem a nosso lado
Fazendo parte de nossa existência
Que se prolonga pelo tempo
que arduamente percorremos

 

Todas elas são verdadeiros amigos
Intimamente, ou apenas amigos
E entre elas há todo tipo de amizades
Que são como folhas
Da árvore que nós somos
E as mais fortes tornam-se mesmo
Troncos dessa mesma árvore

 

As árvores mais preciosas e valiosas
São os nossos pais
Esses que em qualquer momento
Em qualquer situação nos contemplam
São eles os mais fieis e fortes amigos
São eles que nos mostram o agridoce
De toda a nossa vida desde o inicio
Da nossa existência até nos tornarmos
Outra árvore bem sustentada

 

E nesse percurso por vezes surgem
Outros ramos, ou seja novos
E fortes ramos da nossa árvore
Que são os irmãos e os filhos
E estes quando recém nascidos
Nos seguram com altiva impaciência
O nosso dedo
Admirando-nos em silencio
Tendo-nos presos p'ra toda a vida

E nós com eles partilhamos
O nosso espaço para que floresçam
E se tornem fortes como novas árvores
Desta natureza humana
Eles são as folhas que atravessam
O nosso tempo, que vendo bem
É tão curto, e nós os respeitamos
Num olhar que por vezes
Diz mais que um jorro de palavras
Distribuído brilho carinho e amor

 

O destino leva-nos a conhecer
Outros amigos que aparecem
Os quais nem imaginávamos
Que os iríamos conhecer
Muitos deles fazem parte da alma
Da nossa árvore e que moram
Bem dentro do nosso coração
Alguns conhecem-nos tão bem
Que nas nossas muitas fadigas
Sabem qual é a altura
Que precisamos de seu ombro
Sendo eles nossos amigos sinceros
Que trazem brilho a nossos olhos
E um sorriso a nossos lábios
Sempre que se encontram juntos de nós
E quando estão bem longe
Por vezes sorrimos na mesma
Sempre na esperança que apareça
Essa folha que guardamos no coração
E anda por aí ao sabor da ventania
Que é o percurso de suas vidas

 

Nosso tempo vai passando
Entre primaveras e Invernos
E nesse percurso aprendemos
Que se nos importámos
Com rancores e amarguras
A felicidade vai para outra árvore
Se calhar menos envolvente
Bem menos importante

E no Outono da nossa vida
Nossa árvore está mais frágil
Passando nós, a folha vagabunda
Que vai no vento eterno
A caminho de outras estações
Aguardando nós
Que nossos troncos, ramos e folhas
Mais tarde se alojem profundamente
Na nossa raiz eterna

Fernando Ramos
10.10.2008

 

 
 

 


23.07.24

 

1031.jpg

 

1031 - TER BOM SENSO

 Hoje bem difíceis são os tempos
Na vida de todas as pessoas
Muitos problemas, muitos lamentos
E nada é fácil p’ra certas coisas boas
Que ofereceriam algum bem estar
Coisas que não chegam e vão rareando mais
E o bom senso era um bem, e está a faltar
Em momentos tão importantes e capitais

 

Ele é a melhor e maior lição de vida
Que a raça humana pode contar
Com o bom senso vem magia contida
De sabermos escutar, ver e aceitar
E as regras são fáceis e normais
E  não lhes atribuímos o devido valor
Criamos situações, algumas imorais
Em oportunidades de menos senso e pudor

 

Bom senso, é que se deveria ter
Quando analisadas difíceis ocasiões
Quase sempre precipitamo-nos sem saber
E num futuro aparecem as lamentações
Mas a confiança é sinal de bom senso
E ela nos dá quase a certeza
De um julgamento que é propenso
Pró bom senso sustentar sua grandeza

 

Fernando Ramos
 

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