25.07.23
- FADISTA PREFERIDO
- Preparo a minha actuação,
- Observando a assistência
- E ensaio minha voz
- Junto dos meus músicos
- Dedilhando guitarradas
- Observo o público
- Tentando adivinhar
- A ansiedade ou a descrença
- Nos seus olhares
- E nessa inquietude
- Penso se serei capaz
- De agarrar esse publico
- Que me aguarda
- Envolvido na áurea fadista
- E minha incerteza cresce
- Como um mistério inexplicável
- Canto o meu fado,
- E nele coloco palavras
- De paixão e de sofrimento
- De ingratidão e inveja
- E de mais outras
- Que vão saindo por minha garganta
- Já cansada por tantas noites de fascínio
- Peço a quem me ouve
- No silêncio da sala cheia de assombro
- P´ra me acompanhar num,
- Ou noutro Fado mais conhecido
- E minha ansiedade vai desaparecendo
- E o meu medo vai de fugida
- O público aplaude
- E eu me sinto o fadista preferido
- Das palavras imaginadas
- P´lo poeta num banco de Jardim
- A beirinha de um passado
- De alegrias e tristezas
- de: Fernando Ramos