19.06.23
- NOITE DE PRIMAVERA
Numa noite de primavera
Andei por Lisboa
Percorrendo as velhas vielas e calçadas
E nesse mês de florescerem
As sementes na terra
Ouvi na tasca bem velhinha
Desta briosa e linda cidade
O som da guitarra
Chorar teimosos trinados
As gentes ouviam
E se emocionavam
Num fado triste e negro
Tão negro como um céu sem luar
E no final da noite de primavera
P’la manhãzinha
Quando o sol desponta
As primeiras flores sorriam
Sorriam de felicidade
Da vida, da guitarra, e da fadista
Da tão castiça Lisboa
E o povo aquela hora
Ainda mal desperto
Vai num vaivém
Pró seu destino intimista
Fazendo contas, e murmurando
Como dando os bons dias à vida
E à doce manhã que chega
Pelo final da noite de primavera
Depois de tanta coisa boa ter acontecido
De Fernando Ramos