29.03.22
- MARINHEIRO DAS NAUS
- Minha pobreza, é de Santos
- Não de heróis bem abastados
Ando descalço e sem enganos
Subindo a ladeira dos coitados
Outrora fui marinheiro das Naus
Naveguei por mares encrespados
Cheguei a praias em dias maus
Vi corpos doridos, e enfernizados - Eram escravos negros, de senhores
Explorados pelos que sabem enganar
Apenas queriam alforria dos libertadores
P’ra sua liberdade desfrutar
E eu rico, de mulheres sedutoras
Aqueles pobres não fui ajudar
Agora choro as horas libertadoras
Que em minha vida, não soube dar - Éramos heróis, da doce pátria que amamos
E, escravas lindas andávamos a fecundar
Filhos mestiços lá deixámos, que os choramos
Nos braços de mulheres puras, de se amar
A vil tristeza invade a alma
Aos bravos soldados daqueles mares
São recordações numa tarde calma
Que amarguram a vida, nos sonhares - Essas lembranças, que em pecado andei
Ao bom Divino peço sua razão
Agora sou pobre, e só eu sei
Porque é que a Deus imploro perdão
Sou pecador, assim vou morrer
Nesta pobreza de bens terrenos
Que não mais trouxeram bom viver
Esperando meu espirito, os Santos serenos - De: Fernando Ramos