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FERNANDO RAMOS

Minha Poesia


28.12.24

 

 

1074.jpg

AURA PERFUMADA

 

Solta-se a dor na emoção
Na pobre garganta ferida
Um fado à aura dá razão
E boa cor na alma sentida

 

Desse destino não vai ilusão
Mas boa esperança vindoura
São laços que apertam o coração
Dando o nó na aura duradoura

 

Ò povo que fado tanto escutais
Sorri para tua aura perfumada
Ela é a cor de teus ais

 

E a imaginação bem sonhada
Numa vida cheia de bem saber
Onde a aura num fado rodeia teu viver

 

De: Fernando Ramos

 


23.12.24

 

1073.jpg

 AMOR ENGANADO

 Na simples fresca sala de fado
Sentados em velhas cadeiras
Ouve-se o fadista ousado
Em poemas que são fogueiras

 

Arde o artista na emoção
Ev ocando a vida descuidada
Oferecendo-lhe golpes ao coração
Vindos de sua mulher amada

 

Ao cantor corre-lhe em pranto
Correntes lagrimas da vida
Todos comovem-se com seu canto
Desse fado de dor vencida

 

Ao lado do homem sofrido
Há quem o ouve com paixão
Sentem-lhe um amor traído
Deixando-os em consternação

 

Seu amor está tão longe
Nos lados onde sol vem
Já pensou em ser monge
Mas sua vocação não tem

 

Nesse fado de fogo infinito
Dum amor não correspondido
O artista solta seu grito
Num soluço bem fugido

 

O povo na sala se agita
P’la frieza da traição
Ninguém ali mais acredita
Que esta vida conceda perdão

 

Ela traiu um grande amor
Numa atitude grosseira
Deu ao coração a dor
E um olhar que se incendeia

 

O fadista cala sua voz
Não mais vai cantar o fado
Vive em sofrimento atroz
Por um amor o ter enganado

 

E bem antes do sol nascer
A sala ficou triste e vazia
Escravo do amor vai ser
O fadista da nostalgia

 

De: Fernando Ramos

 


18.12.24

 

1072.jpg

 

ESTE É O NOSSO MUNDO


O mundo é uma bola de cristal
Lá dentro gira as peripécias da vida
De forma insegura tão natural
Como uma lei à muito consentida

 

Este mundo, é o nosso mundo
Feito de actos, sorrisos e dor
Tornando-se tanto imundo
Quando nele se grita o horror

 

É um mundo de hipocrisia
Também de bom senso, e intolerância
E do egoísmo que vidas silencia
Quando prevalece a ganância

 

Este é um mundo do homem e mulher
Alguns mascarados de verdades
Que numa má oportunidade qualquer
Terminam com seu futuro nas grades

 

Em prisões nojentas e repletas, de se ver
Seres que nunca deveriam ter nascido
Destroem e assassinam com prazer
Neste mundo que não lhes é merecido

 

Mas este é o mundo onde vivemos
Cá também existe um céu de amor
E gostosamente o merecemos
Quando se ama outros com esplendor

 

De: Fernando Ramos

 


15.12.24

 

1071.jpg

 DEPOIS DOS CINQUENTA

 Depois dos cinquenta anos
Já se percorreu todas as estradas
Esquinas e encruzilhadas
Com pouco, ou muito
Amor pela vida
Que todo esse tempo
Nos ofertou em várias direcções

 

Durante meio século passado
Tanto aconteceu, tanto se viveu
E tanto para trás ficou...
Já se errou nas atitudes
Noutras até se acertou
Talvez nestas menos!

 

Já nos perdemos de amor
Naquelas noites e dias
Que são só nossas
Já nos perdemos na vaidade
Talvez por egoísmo
Já caminhamos por tanta
Turbulência, e alguma Bonança
Já tivemos o brilhozinho nos olhos
Nos momentos intensos de paixão
E até nos pequenos detalhes
Sentimos os mesmos doces
Momentos da primeira vez
A nossa primeira vez

 

Nunca foram demais esses
Nossos tempos
Antes dos cinquenta
Como nunca irão ser demais
Os pedaços amargurados ou não
Que nos falta viver

 

E de mansinho os iremos
Contemplar, como quem
Olha o sol pela manhã
E nós sorriremos sempre
Mas sempre à saudade
Que nos presenteia

 

Agora depois dos cinquenta anos
Mais suavemente
Sentimos o esplendor da vida
Em toda a sua plenitude
Mais tranquila, mais doce
E aqui e ali, talvez uma rebeldia
Que ainda teimosamente vem
de antes dos cinquenta

 

De: Fernando Ramos

 


12.12.24

1070.jpg

1070 - RUA DO VICIO

Estranho é este puro amor
Que não me deixa virar a esquina
Sem olhar tua sombra

 Lá na teia dos enganos
Que te amassa e pisa
Tu a sobes e desces como
Fazendo parte desse lugar
Levando-te ao bordel da vida
Que nas madrugadas
Por suas portas entras
Acompanhada pelo estranho
Que te aborda
Na rua do pecado

 

E eu vejo esse quadro
E sofro, sofro perdidamente
Dum ciúme sem explicação

 

Frequentas as rua do bairro
E elas percorres na ânsia
De ganhares para saciares
O maldito vicio
Que vai consumindo tua dignidade

 

E eu aqui com pena de mim
Por teu sofrimento
Sim pena de mim...
Tu já não sabes o que é amar
E eu loucamente de coração partido
Vejo tua miséria desvairada p'la droga
Nossa miséria...

 

Teu vicio é uma cilada de mentiras
E meu deserto na paixão arrebatada
Que sofre nas labaredas de teu destino

Este é o teu fado, o meu também
Tudo em ti é meu sofrimento
Mas porquê meu Deus este sofrimento
Que vive no grito do medo
Caminhando por ruelas do bairro
Seguindo o teu futuro, a tua solidão
Perdoa-me amor, mas já não consigo
Ver-te perder no sofrimento
Já não suporto as tuas pegadas
P’la rua do vicio

     De: Fernando Ramos

 


10.12.24

 

1069,.jpg

1069 - BEBER NA FONTE DA SAUDADE

 Na rua velhinha de Alfama
Na tasca que já vendeu o pecado
Manuel, o dono pede em voz branda
Silencio porque se vai cantar o fado

 A fadista castiça de voz doce
Que vai beber à fonte da saudade
Canta um fado que o coração trouxe
De lugares que são eternidade

 Aquela tasca tantos deslumbra
Porque o ambiente assim o quer
Não perturbando de maneira alguma
A voz quente da graciosa mulher

A fadista seu corpo ajeita
Puxando o xaile para si
Canta um fado de desfeita
De um amor encontrado ali

Há algo mágico que atrai
Tanto povo à tasca antiga
Manuel diz: ninguém sai
Sem ouvirem o fado maravilha

 E naquele aconchego de bem viver
Pede-se vinho, sopa e azeitonas
P´ra mesa de madeira, e pequena
Com toalha das cores do amazonas

 E as guitarras vão trinando
P´ra felicidade dos amigos presentes
O dono da casa vai entregando
Iscas pedidas p’los clientes

 Que bem se está por ali
O fado vadio faz o sentimento
Todos o cantam chamando a si
A emoção feliz do momento

 Ali ri-se, bebe-se e come-se
Num ambiente bem consensual
A tristeza que vagueia some-se
Na voz da fadista tradicional

 De: Fernando Ramos

 


07.12.24

 

1068

 

1068 - MORREU UM HOMEM VELHO

 Hoje morreu um homem velho
Um homem como tu, como eu
Só que ele morreu
Morreu só
Todos se afastaram
Só porque era velho
Vê o que nos vai acontecer
Meu amigo
Vai-nos acontecer o mais triste
Da nossa existência, a SOLIDÃO
O mundo não está preparado
Para acabar com este triste final
Hoje morreu um homem velho
E o mundo pouco se importa
O mundo corre, corre loucamente
Para que cada vez se morra mais só
Mas correr para quê?
Para a morte, que é mais que certa
Calma amigo
Hoje morreu um homem velho
Mas amanhã...
Nesta correria desenfreada
Irás ouvir dizer nessa altura
Que hoje não morreu um homem velho
Por ser só velho
Irás ouvir dizer que hoje morreu
Um homem novo
Só, triste, injustiçado e abandonado
Porque neste mundo também corria
Não se sabendo bem para quê!

 

De: Fernando Ramos

 


04.12.24

 

 

1067.jpg

 

1067 - MINHA BELA DAMA
 

Airosa e tão formosa é minha Dama
Que desfruto no nosso leito de amor
Dessa ternura meu coração emana
Chamas límpidas e puras de esplendor

 

Bela Dama é toda a minha vida
É um fruto tão rico de sabor
Se a perco, esta paixão é destruída
Bem como a semente de seu calor

 

Seu corpo em meu olhar é poema
Para minha mente repleta de desejos
Que se aconchega em sua pele morena

 

Quando acaricio seus belos seios
Que a poesia tão bem descreve
P’ra Dama que é meu verso breve

 

De: Fernando Ramos

 


02.12.24

 

1066.jpg

 

1066 - O MUNDO É DA LUA

 Os olhos do mundo à Lua estão presos
Onde bem alto habita, e nos vigia
Até um casal de passarinhos travessos
Na noite quente com seu luar se guia

 

Entre estrelas a Lua se sente abrigada
Das noites escuras como breu
E aos raios do dia se mostra grata
Ao sol que a protege, como filho seu

 

Tantos olhos fitam a generosa Lua
Que vai girando pelo firmamento
Uma guitarra chora, chora tristeza sua
Num poema à noite sem atrevimento

 

O olhar do mundo à lua não resiste
Da vigilância buliçosa e constante
Sua curiosidade até a deixa triste
Por ver na terra a felicidade distante

 

Lua cristalina seu luar jamais cansa
Às vidas de povos que padecem de fome
Ela é eterna, e a fonte de esperança
Na bela Terra que à milénios se consome

 

De: Fernando Ramos

 

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