01.07.23
- BRUMA NA CIDADE
- Estaremos irremediavelmente sós
- Se a bruma não sair da Cidade
- Velhos, e operários gritarão a uma voz
- Que à injustiça, chegou a dignidade
- E tantos ficarão mais felizes
- Pela boa nova extraordinária
- Não mais acontecerá deslizes
- Daqueles da ordem sumptuária
- E o esqueleto do trabalhador incorrupto
- Jamais terá sua pele suja e enrugada
- Das maldades dum patrão bruto
- Que lhe paga a miséria chorada
- Serão novos ventos de liberdade
- Que lhe vai moldar o fraco ganha-pão
- Enganam-se, se acreditam na sinceridade
- Do político que mente a seu irmão
- Choremos pobres, choremos
- Das mentiras que são prometidas
- Porque decerto só comeremos
- As migalhas no chão perdidas
- Os operários à velha bigorna voltarão
- Com a mesma ansiedade escondida
- No ferro, a sua raiva baterão
- Por causa da gloria mentida
- E a bruma na cidade ficará
- Como um pesadelo conquistado
- O mal de senhores o mundo julgará
- Por alguém nascido predestinado
- Ao velho, a dor rasgará o ventre
- Porque ainda acreditou na mudança
- E o irmão operário, em união sente
- A voz que apela por vingança
- De volta à grossa turbina
- Os operários não calam a revolta
- Monta cavalos alados sem crina
- P’ra correr num grito que se solta
- De: Fernando ramos