Chegou Abril, meu amor Ele foi o começo Do nosso enlace Já passaram alguns anos Que este mês representa A nossa união Foi uma nova aventura Na vida, p’ra nós Este é também, um tempo De liberdade O mês de todas as liberdades Como o recordo, sorrindo Por esta altura do ano
Começou precisamente em Abril Toda a esplendorosa vida a dois Meu coração dilacera de dor Só de pensar no sofrimento Que poderei sentir Se um dia neste mês, ou Num outro mês qualquer Eu te perder
Deus me ouça, e me leve Primeiro p’ra junto de si, E que lá me faça esperar Pela tua chegada P’ra te abraçar, e recordar Que foi num mês de Abril Que beijei o mundo inteiro Só pela felicidade De te conhecer
Disseste-me que ias ao encontro De teu futuro Sorri, E em ti acreditei! Não julgues que o procurar, Não é bem duro Porque isso é, e eu bem sei
Tens um enorme mundo, p’la frente E por ai, o vais encontrar Mas será que tudo em ti, irá mudar? Ou apenas o teu acreditar, Deseja nova oportunidade
Para dela desfrutar
Ao dares com o teu futuro Lembra-te dos teus fantasmas brancos Porque apesar do teu partir Eles, vão andar por aí, Sempre por aí, p’los cantos Decerto, os irás sentir no teu porvir
Sei que queres viajar P’lo mundo inteiro À descoberta do sonho, E outras gentes conheceres Mas recordo-te, que na vida Está primeiro as tuas origens, Que te ofertaram bons saberes
E se na procura do teu futuro, ansiado Decidires voltares, para meu espanto! Ficarás meu amigo, já avisado Que as coisas por aqui, Não mudaram assim tanto
As palavras não se soltam Da minha garganta Soluços secos abanam meu corpo Como uma árvore ao vento Na minha frente vejo um mendigo E um nó na alma se revolta Por este triste quadro Que me retalha o coração
Olho o pobre deitado no chão E o que vejo, são dias difíceis E vou meditando Sobre a miséria humana Como é possível!
Pessoas, por ele vão passando E nem sequer o olham Nem fazem um mínimo esforço Para ver o infeliz homem
Que lhe falta um mundo
Com olhos de amor e de verdade Metido naquele quadro tão solitário
Ele, deitado numa caixa de cartão Que é seu leito do momento
Num dia frio de Outono
Nem faz o mínimo movimento E nem deverá pensar em dali partir
Sabendo que se o fizer
Apenas lhe espera as indeterminaveis
Linhas tortas da vida Mesmo que queira partir Daquela solidão, certamente não poderá Mas para onde iria o pobre infeliz? Pergunto a mim mesmo!
O mundo gira, gira à sua volta Com correrias para cima, e para baixo Sem que as pessoas Dêem umas pelas outras Mostrando que apenas Estarão tão sós como o homem Ali deitado na calçada
Mergulhado na louca dor
que nunca lhe será curada Sentindo o futuro fugir-lhe Para algum lado sem regresso Sobrando-lhe apenas A solidão companheira Pobre mundo que tratas tão mal Os teus filhos!
A Maria, disseram p’ra ir em frente E nem sequer olhar pró lado Porque Maria Vive a vida à beira do precipício E eu curioso Cismei nessa observação E de cismar em cismar Finalmente disse a Maria P´ra poupar sua vida Desse abismo nefasto Ela olhou para mim Sorriu, e deu o passo em frente Sem ainda me dizer:
"Aquele precipício Era a sua estrela do céu E o seu magnifico absurdo"
Levanto-me cedo E olho para o céu Umas vezes o vejo limpo Outras, negro, dum negro opaco Agarro num papel e lápis, e escrevo Expressando em poesia Ideias, lamentos e alegrias É a minha coragem P’ra desabafar, e alertar É o meu silêncio de dizer Que me deixa ver a vida sem ilusão Fazendo-me lembrar, e passar Pró papel branco, todos os momentos Bons, e menos bons E aqueles que perduram no coração
Lá fora, bátegas de água alagam jardins E vejo a chuva bater, bater, bater No vidro da janela São gotas de água, a desmaiar Não se sabendo bem para onde vão E o sol, vai espreitando, espreitando Com vontade de me aquecer E ouço o vento medonho dizer: “Não vás por aí, não corras Pára, e contempla a natureza Que transporta alegria, e fragrâncias P’ra corações quentes e abertos Repletos de dias de poesia”
Dias de poesia... São sonhos, conduzindo a vida Até ao fim do prazer mais soberbo