Cai a noite triste e escura Em rosto ferido p’lo algoz Nesse tormento, paz se procura Sem juras de vingança feroz E na noite negra, negra como breu Ouve-se gemidos, alguém soluça Tem a solidão como ouro seu Na escuridão, que em si se debruça
Ela, os ombros não cobre Do orvalho da madrugada Findando na aurora do sol nobre Alumiando a vida desgraçada Será que o algoz terá perdão Da vitima que à sua mão morre O céu, não perdoará não Porque a lua lá, não dorme
As luas de sangue o vilão perseguem São guardiãs dos rostos sós Ofertando-lhes a paz que conseguem Nas noites límpidas e livres do algoz As barbáries desse mal, fazem parar Lavando a face ferida, com a liberdade Que todas as noites irá beijar Os rostos cansados p´la ansiedade
Pela noite dentro, sobe ao luar Simples palavras de poesia Como se fosse a vontade louca E escondida do poeta Tão escondida e longe Da estrela cintilante Que p’lo seu olhar curioso Se acha só, tão só Como se fosse a única estrela Do firmamento de palavras E no entanto, ainda bem mais longe A lua nova chama p’la alma Daquele mundo de sílabas e rimas Que é tão passageiro Perdendo-se em baixo
Na onda do mar Largo e profundo De um oceano de espuma Repleto de outras palavras escritas A duas mãos, e nunca ditas E no firmamento tão magistral E infinito, se escondem Essas palavras Jamais citadas e gravadas Num livro eterno e poético Que nem o tempo trará de volta Tanto saber puro e imaginado Que agora vai numa qualquer lágrima de luz, nas noites De todas as escrituras Onde restará como sombra A sombra de palavras
Um dia, serei teu sol abrasador Outro a arvore de tua sombra Serei geada que refresca teu rosto Ou a borboleta voando p’ra te beijar Serei o sol que te aquecerá no inverno Ou a estrela que no canto da noite Envergonhada, cintila ao infinito
Serei o mar da poética inspiração Ou a montanha de amores perfeitos Serei a pomba branca que te elevará Aos confins do firmamento
Um dia serei o cais de teu abrigo E lá estarei bem próximo de ti E nunca te esqueças meu amor Que serei sempre, sempre O teu melhor amigo
Tu lembras-te do tempo ensolarado Ao passearmos na praia de mão dada? Salpicávamo-nos no mar esverdeado Abençoando a paixão, ali começada
Tu lembras-te do quanto nos rimos Das tonturas gaiatas engraçadas? Trocávamos carícias e mimos Que p’las ondas eram molhadas
Tu lembras-te como ali o vento soprava Fechavas os olhos e eu te beijava? Eram dias de sonho, que tanto se amava Mas a tristeza por lá, já nos espreitava
Tu lembras-te desses momentos de petizes Parecíamos avezinhas preparando seu ninho? O tempo passou já não somos tão felizes O destino nos guiou por outro caminho
Tu lembras-te de tudo isso? Daqueles tempos da feliz verdade Separamo-nos desse compromisso Hoje apenas resta a saudade