Há certas alturas na vida, que a saudade Nos dá uma pancada forte no coração Que nos vai deixando de rastos Porque fios de memória nos assaltam Vindos não se sabendo bem de onde Na minha juventude, em minha casa Ali para os lados de Alvalade Éramos tantos, muitos mesmo Éramos dezassete, e por vezes mais Quando mais alguém aparecia
Éramos uma verdadeira família, Apesar de muitos Não éramos a família perfeita Como nenhuma é Mas éramos uma família no sentido Mais lato da palavra Irmãos, éramos nove, mais pai e mãe Avó, três primos, tio e tia Era o que se pode dizer, uma casa cheia E até, também nos fazia companhia Um ou outro cão rafeiro, que Nós os miúdos levávamos lá para casa Já não falando da passarada Que nos pareciam tão felizes como nós
Todos se sentavam à mesma mesa E escusado será dizer, que era uma festa Éramos os reis da vida, pobres mas reis Hoje dava tudo só p’la felicidade Desse quadro da altura Agora, ainda me lembro De como éramos tão unidos Apesar de lá em casa entrar Parcas moedas dos salários Dos meus pais, e tios Fazendo eles autênticos milagres Para dar de comer a tanta boca Hoje já quase que não se pode dizer Como dizia minha mãe: “Onde comem dois... Comem três” Mas ali, esse número Era sempre a multiplicar Hoje já não somos tantos Pais, tios e avós já não estão cá E nós, irmãos e primos, cada um Tem a sua vida e seus filhos E já vai sendo mais difícil Vermo-nos todos ao mesmo tempo A não ser, para um ou outro momento E por vezes, bem difícil é esse momento Que saudades eu tenho Do tempo, onde éramos tantos
Os filhos amam-se assim que Que se sente a sua existência Acarinham-se até demais Desde esse momento Porque aí, o único sentido É o amor permanente Com que os confortamos Dá-se lhe mimos desde o nascimento Até eles mais tarde nos dizerem, chega!
Mas nós num cantinho do cérebro Reservamos sempre o colo para eles Nosso amor é dado a todas as horas, Minutos, segundos, é sempre dado Está lá sempre o nosso amor Mesmo que depois, E por algum tempo Nos falte a sua retribuição
Preocupamo-nos p’los seus Choros, p’las suas ânsias, P’los seus sonhos E vejam lá... Por momentos Até pelos seus sorrisos de paixão E por vezes, doentiamente Por todos os seus gestos Que são quase o nosso viver E ficamos demasiadamente felizes Quando os vemos contentes Com a nossa presença, Ou com o nosso carinho
Nosso coração vive permanentemente Na presença deles, mesmo que não Estejam junto de nós Mentalmente, e em algumas ocasiões Estupidamente da maneira obsessiva Queremos os ter sempre à nossa volta Esquecendo que eles crescem Mas nós, vemo-los do mesmo modo São sempre os nossos Anjos Independentemente da idade
Para nós, os filhos desconhecem Toda a malícia da vida, e a maldade E pensamos que se nos dizem uma mentira É sempre e apenas uma "mentirinha" Sem qualquer tipo de importância
Ficamos felizes, mas mesmo felizes É quando eles nos dizem O que queremos ouvir por toda a nossa vida “Eu vos amos, pai e mãe”
É aquele momento mágico Que mexe com todo nosso interior Por vezes, cheio de mágoas e injustiças Porque em certos momentos Somos brindados injustamente Por aqueles quem mais amamos Os nossos filhos!
Quero beijar todas as árvores Abraçar todas as árvores Ama-las como se ama a natureza Elas são o meu respirar E vou sempre deseja-las
Desde a raiz até ao topo
Vou ama-las em toda a sua imensidão Amando seus troncos Que um dia serão tábuas Do meu refúgio na eternidade
Amo a árvore, e seus filhos Como se fossem meus Amo seus frutos Que me saciam no mais belo manjar
Amo-as quando o sol já vai alto Poque são a sombra do meu viver Não as trocando por qualquer
Momento de ilusão
Bem sei que elas são agrestes E bravas como a serra Ao mesmo tempo são finas Como as rosas E tão dóceis como o amor
As árvores das florestas são pérolas E um sorriso em mil palavras São um passado dentro do presente São o futuro dentro do mundo E haja o que houver Vão estar sempre lá