Sou um homem triste Que hoje à beira do desconforto Vê o rio da minha existência Paulatinamente correr Nele, vão todas as boas ilusões Que a cada instante sinto um latejar Que sempre me fizeram bem viver
É um rio, de bonitas E boas recordações Que em minha memória Estarão sempre presentes E viverão alegremente bailando Sobre a sua vontade de existirem
Haja o que houver em todo Este percurso, as boas Lembranças proibirão O esvaziar do pensamento Elas, permanecerão gravadas Em meu coração Como bocados de bons desejos Que em algumas situações Mal foram cumpridos Deixando a mágoa ir em busca De um final feliz, o meu final Que terminará na foz Deste silencioso rio de amarguras
Surgem palavras p’ra poemas Ou noticias, na imaginação fértil De quem as escreve Elas, vêem cheias de acontecimentos do nosso dia, a dia Vão dando noticias do momento Saídas p’la ponta do lápis de carvão Registando-se cada facto nas silabas Que vão garreando com ideias Para o pensamento as deixar cair Numa folha branca
Que faltará afinal? Um elo, um rasto de informação Pró criativo melhorar
o que escreve? Pobre do escritor, que p’la frente Ou por detrás de uma máscara, Por vezes não lhe ocorre As palavras certas
O Poeta e o Jornalista
Luta, estrebucha, e para quê?
Se nas palavras está toda a verdade Está lá tudo do pensamento humano Sem uma única falha Mesmo a inspiração fatigada Essa inspiração que por vezes Vem com o cansaço De quem as que escreve
Mas elas, as palavras Vão surgindo uma a uma Pró escrivão, como poesia De choros, onde lágrimas São letras que anseiam p’lo final do poema, ou da noticia Que sairá num livro, Ou num jornal do dia
Ó divino, como és generoso E dás a razão, e certeza do saber Ao jornalista, e ao inspirador Numa mistura de ideias Deixadas na folha de papel Com a pequena diferença de inspiração Entre o jornalista, e o poeta
Imaginam-se senhores esclarecidos Julgam-se reis, e de todo poder São apenas seres agressivos Que a tantos, tantos dão mau viver
Senhores, que alguns são de guerra
Pensam serem iluminados p’lo divino Enganam-se... Porque cá na terra São simples déspotas pobres de tino
E na mais pura soberba arrogância Anseiam por regimes de má memória Elevam sua desmesurada ganância Na esperança da eterna gloria
E tais déspotas incorrigíveis Senhoreiam-se do que não lhes pertence São ambições sempre apetecíveis Que só os incautos convencem
Dizem-se espíritos cheios de clareza Mas afinal são de pensamentos fechados Sua ignorância, pró mundo são a tristeza De ideologias feudais de séculos passados
Difícil este mau tempo que passa Onde o destino, a alguns traça a miséria Que é o extermínio que os enlaça Sejam eles Brancos, ou outra cor
Que grassa neste planeta fértil
De pérfidos contrastes Onde apenas importa, a sórdida ambição De senhores, que não passam de trastes É gente sem dó, nem coração
Chafurdando na mentira que mata
Em volta de mim olho, e o que vejo! Caos, violência, decadência sem razão Tenho apenas, um puro e simples desejo De não viver nesta triste confusão Já a mitologia, a história ou a lenda Nos relata este mesmo percurso passado Mas agora, não se sara a fenda Dum pobre mundo tão mal venerado
Onde no seu luxuoso Palácio da vida
Alguns, na posse do ouro se tornam sinistros
Para quem sofre, e acalenta a esperança Suplicando que o mundo gire em sistemas mistos Para que piadosamente apenas recebam
Surgem mortalhas p’ra corpos São de algodão, e grosso corte Vestem tantos sem sorte Que deambulavam no pecado forte Terminando assim, inertes e mortos
Irão p’ro céu? Não se sabe! O inferno talvez seja o destino Eram pecadores de pouco tino Num lugar triste e pouco fino Onde, o bom futuro lá não cabe
Agora, são almas sem regresso Cobertas de mortalhas p’ra conforto Cobrindo o corpo frio e morto A caminho dum além, nascido torto Que em vida não mereceram sucesso
Mas afinal, esperam-lhes o céu! Num paraíso de paz celestial São almas felizes, e é consensual Que ir pró inferno, era irreal Subiram ás nuvens, vestidos de véu
E as mortalhas foram-lhes retiradas Daqueles corpos mal enfeitados Deus perdoou tédios pecados Abrindo sua porta, aos pobres coitados Enlaçando-lhes felicidades desejadas
P’ra traz, ficaram tristes destinos Foram embora as brancas mortalhas Chegou paz, a espíritos sem malhas Vividos em profundos meios de palhas Que ansiavam por Anjos bem vindos