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FERNANDO RAMOS

Minha Poesia


31.10.22

 

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  • O REGRESSO DA LUA
  •  
  • No breu da noite profunda
  • Entre madrugadas de sono
    Surge a sombra vagabunda 
    Alertar que houve um abandono
  •  
  • Foi a lua das noites boas
    Que no firmamento se perdeu
    Deixando triste tantas pessoas
    Que por ela o amor conheceu
  •  
  • E naquela triste desilusão
    Já mora a velha ansiedade 
    Chorando-se no silencio da emoção
  •  
  • E a Lua, de novo voltou
    P’ra outras noites de felicidade 
    P´ra quem de saudade chorou  
  •  
  • de: Fernando Ramos  
  •  
  •  


29.10.22

 

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  • VIELA DOS NAMORADOS
  •  
  • Trinai, trinai guitarras velhinhas
    Fados da castiça cidade
    O povo suplica com ansiedade
    O perdão de Deus, nas capelinhas
  •  
  • E gargantas de bem cantar
    Entoam poemas de vida e amor
    Acalentando a saudade, e a dor 
    De peitos sofridos por amar
  •  
  • E na voz generosa dos fadistas
    Geme a solidão fértil e bizarra
    Que nos acordes da velha guitarra
    Comovem o povo e os guitarristas

    Ouvem-se murmúrios ao coração
    Vindos da viela dos namorados
    Anunciando o perdão aos bocados
    Em poemas de saudade e emoção
  •  
  • Cantai, cantai nossos artistas
    O perdão p´la poesia dos poetas
    Inspirada nas descobertas
    P’ra deleite dos brilhantes fadistas
  •  
  • Tocai, tocai, noite e dia
    Guitarristas do nosso povo
    Fadistas cantai um fado novo
    P´ra vidas parcas de alegria
  •  
  • E na viela dos namorados bairristas
    Deus, concedeu perdão em boa hora
    O pecado partiu dali p’ra fora
    Trinando as guitarras dos fadistas
  •  
  • De: Fernando Ramos


27.10.22

 

726.jpg

  • O LIVRO
  •  
  • O livro, é um belo tesouro
    Quando lido com excitação
    Tem pedaços de puro ouro
    Que pró escritor é paixão
  •  
  • Lê-lo, é um gosto bem aceite
    Esgotando-nos de prazer
    Rico em frases de lindo enfeite
    Compostas de bem saber
  •  
  • É imaginação, e entretenimento
    Que se ensaia nos bastidores 
    Dá-nos gozo e conhecimento
    Completando nossos valores
  •  
  • O livro bom é comprado 
    Como tributo ao pensador 
    É relido, e bem guardado
    P’ra deleite do escritor
  •  
  • De: Fernando Ramos


25.10.22

 

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  • FAINA SOLITÁRIA
  •  
  • Vai o pescador devagarinho
    No rio onde a vaga é de graça
    Navega num bote pequenino
    Nas margens o povo o abraça
  •  
  • O barquinho de madeira
    É também seu doce lar
    Passa junto duma traineira
    Onde o mestre lhe vai acenar
  •  
  • Das margens vem a pergunta
    “Ó mestre p’ra onde vais?”
    Olha que o bote a ti se junta
    Leva a traineira p’ro cais
  •  
  • Seu bote é muito pobre
    Mas rico de bons momentos
    O rio, ao pescador sacia a fome
    Nele pesca seus alimentos
  •  
  • E lá vai o bote de mansinho
    P’ra a sua pesca diária
    Num local bem pertinho
    Onde a faina é solitária
  •  
  • De: Fernando Ramos


24.10.22

 

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  • AFRICA DO MEU AMOR
  •  
  • Nos meus tempos de soldado
    Procurei a paz dos honestos
    Na África do meu amor
    Ali na terra vermelha e fértil
    Da savana Africana
  •  
  • Nas margens dos rios 
    De todas as ofertas da natureza, 
    Os animais buscam sua presa
    A fim de saciarem a fome
    Como se ali fosse a única 
    Parte do mundo onde Deus passou
    Deixando um rasto de beleza
  • E de perfume celestial
  • Naquelas terras que fazem bater
  • Mais forte os corações de todos
  •  
  • Por vezes numa aldeia qualquer 
    Duma terra Africana
    Ao som do velho batuque 
    Meninas de lábios gulosos 
    E meninos de modos de desejo 
    Bailavam como se aquela
    Fosse a última dança 
    A dança do resto de suas vidas
    Na esperança que a paz, 
    A paz dos justos,
    Voltasse a esse lugar sagrado
    Onde os homens são mais irmãos
  •  
  • Tudo isto me encanta
    E tudo isto me marcou
  • Porque lá, há sempre alguem
  • Que nos mostra que naquele meio
  • Ainda vale a pena sorrir
  • Enchendo-nos o coração de ternura 
    Recordando eu, hoje e sempre
    Com satisfação e orgulho 
    Esta África do meu amor
  •  
  • de: Fernando Ramos


23.10.22

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 OS PUTOS DE ALVALADE

  •  
  • Eram os Índios do bate bola
    Jogavam até de madrugada
    Enganavam o estômago
    E não corriam de cartola
    Brincavam descalços na estrada
  •  
  • Outros, não eram índios de bola
    E no Vává, falavam de amores
    Também jogavam, calçados de sola
    Alguns deram poetas e bons cantores
  •  
  • Os putos indios de forma desprendida
    Chutavam a bola pelos cantos
    Num chão batido, com pés em ferida
    Parecendo pardais, pois eram tantos
  •  
  • E estes miudos do bairro de Alvalade
    Todos os dias jogavam à bola
    Numa irmandade de feliz vontade
    Marcavam golos de alta escola
  •  
  • Hoje, os índios, já lá não estão
    E como era tão bonito vê-los correr
    Nos bolsos não guardavem tostão
    Mas sim muita vontade de vencer
  •  
  • Por vezes, num drible de mestre
    Alguns saiam de sua pobreza
    Os outros, de vida menos agreste
    Eram amigos na sua tristeza
  •  
  • E na boa vontade de Deus
    Os putos entre eles jogavam
    Uns pobres, outros de dinheiros seus
    Mas o futebol, a vida a todos ensinava
  •  
  • Estas crianças, leves como a pena
    Pela brincadeira não se perdia
    Em dias e noites era a bela cena
    Vê-los no bairro jogar de alegria
  •  
  • De: Fernando Ramos


21.10.22

 

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  • BECO DO BEM SABER
  •  
  • No beco do bem saber
    Ivone leva tristeza no coração
    Que de olhos colados ao chão
    Murmura p’lo seu tanto querer
  • Na pura e cristalina aflição
  •  
  • E no parapeito de sua janela
    Sente-se a frescura do alecrim
    Todos o cheiram com cautela
    Não passe seu amor por ali
    Ao encontro da outra, na viela
  •  
  • No Beco, se abrem janelas
    P’ra anunciar a procissão
    Alguém com flores amarelas 
    Informa o povo da decisão
    Preparada p’lo prior,
  • À noite à luz das velas
  •  
  • Para a bendita procissão
    O Beco se vai engalanar
    Ivone, reza sua consternação
    Ao amor que anda a enganar
    Seu pobre e infeliz coração
  •  
  • Foi no domingo à tardinha
    A procissão levou o povo p’ra rua
    No andor pousa uma andorinha
    Que traz a verdade nua e crua 
    P’ra Ivone que vai à igreja velhinha
  •  
  • E gorjeia que a outra está chorosa
    Por lhe ter acontecido o mesmo drama
    Foi enganada de maneira horrorosa
    P’lo homem que a levou p’ra cama
    Causando-lhe aflição dolorosa
  •  
  • E naquele afamado bairro de Alfama
    Um amor perdido encontrou a razão
    Pois é Ivone, a sua preciosa Dama
    Que lhe preenche o doido coração
  •  
  • Na velha igreja junto ao altar
    Lá estava a mentira desgostosa 
    Chorando a lágrima do perdão
    Suplicando nova vida amorosa

  • Tudo não passava de sua ilusão
  • E no Beco, se acendeu nova chama
    P’ra felicidade de um coração
    É Ivone que ele muito ama
    Terminando ali sua confusão
  •  
  • de: Fernando Ramos


19.10.22

 

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  • DESERTO DE MEDOS
  •  
  • Atravesso o Deserto
    Como se fosse em peregrinação 
    À terra prometida
    Ele, é a minha esperança, 
    E também o meu cansaço
  • Nele, vou encontrando 
    Nuvens de areia
    Que são grãos finos instalando-se
    Na minha vida repleta
    De ilusões, e de amores
    Não conseguidos
  •  
  • Neste deserto, levo a esperança 
    Como única companheira
    E como minha ancora 
    Que me irá fazer parar na caminhada
    E terminar com os 
    Generosos dissabores da vida
  •  
  • Percorro seu chão escaldante
    E tão movediço como meus sonhos 
    que me corrói de dor, de rejeição
    De abandono, e da perda
    De paz, a minha paz
  • Maldito deserto que não consolas
    Esta sede de esperança,
    E me levas para um caminho
    Sem direcção certa,
    E de futuro pouco brilhante
  •  
  • Agora, neste mau deserto
    Aguardo apenas o sinal de Deus
    Que me irá conduzir na sua nuvem 
    Sem desespero, e sem mágoa
    Mas encharcada na paz divina
  • Onde me levará a juntar 
    A outros peregrinos
    Também eles vivendo 
    Num deserto de medos
    E que comigo caminharão
    Lado, a lado na nova travessia,
    Direito à esperança celestial
  •  
  • De: Fernando Ramos
  •  
  •  


17.10.22

 

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  • A CEIA
  •  
  • A vida será um repasto
    De óptimas iguarias
    Servida em farto prato
    Alimenta-nos os dias
  •  
  • Dá ceia bem confeccionada 
    Que bem nos delicia, ou não
    Porque se for mal temperada
    Tudo não passará de ilusão
  •  
  • É um repasto que se serve
    Mas por vezes, dá confusão
    Se for bom momento que se perde
    Dará má digestão
  •  
  • E antes que nos faça mal
    Tem de ser bem preparada
    A vida à noite não é ceia total
    Se cozinhada em água salgada
  •  
  • De: Fernando Ramos


15.10.22

 

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  • BOTE DE VELAS QUEBRADAS
  •  
  • O bote desliza no mar salgado
    Por ondas valiosas como ouro em pó
    E um pescador de rosto enrugado
    Olha as redes, fazendo-lhe dó
  •  
  • São tristezas salpicadas de choro
    Naquele seu mar, a poente
    Ali o peixe é pouco, e não é ouro
    Já outras fainas o deixavam contente
  •  
  • E no seu bote de velas quebradas
    O pobre mestre insiste na pescaria
    Enclausurado naquele mar talhado
    Pede a Deus uma faina de alegria
  •  
  • Embalado p’lo sopro do vento
    Vai amaldiçoando sua má pesca
    Por isso, Deus não lhe dá alento
    Vai ele pecando à faina que resta
  •  
  • Seu Senhor, o arrependimento não ouve
    De seus pecados já cometidos
    Não mostrou pena, e Deus soube
    Não havendo mais, já tempos idos
  •  
  • De: Fernando Ramos

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