Os dias passam velozmente Entrando p’la porta do Bordel Trazendo mágoas repletas De histórias da vida Lá dentro, marionetes do poder Obedecem como prostitutas baratas Ao seu amo explorador Que ao mesmo tempo é seu rei Rei da podridão que produz Poluindo o ambiente de ódio lamacento Onde esse reizinho se sente muito bem Talvez bem de mais
É um lugar perfeito Para este personagem único! É como um figurante de um Livro da banda desenhada, Onde o terror se rabisca P’la ponta de um lápis.
A vingança, a destruição, e o mal, São gravados na folha de papel Com a mesma precisão de um tiro Dado por este péssimo personagem Mostrando ele, a suja miséria causadora da destruição da nossa sociedade Vivida no exterior do bordel
Lá dentro, essas prostitutas da desgraça, Deixam muito a desejar ás outras Que buscam apenas alguns trocos P’ra viver, apenas isso.
As prestitutas do terror
Vão servindo seus clientes, Com a distribuição, não de carinho e amor Mas sim do que aqueles homens Tem de mais nefasto à sua própria vida Que são as armas de todo o tipo de fogo O importante é que sejam do último modelo Daquelas que qualquer senhor da guerra Ambiciona e sonha ter em suas próprias mãos P’ra acarinhar e vincar bem o seu poder E desprezo p’lo seu semelhante, e irmão E o mundo da paz, pergunta assustado: Mas não será possível fechar Todos os bordeis da desgraça humana?
681 - A LOUCURA DO HOMEM BRANCO – (COROA DE SONETOS)
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A loucura do homem Branco Nos séculos intensos de escravidão Cometeu actos que envergonham tanto Que ao saber-se, provoca emoção
Negros, em tombadilhos eram levados Nas condições mais miseráveis Muitos chegavam despedaçados Os vivos, em estados deploráveis
Ali, dignidade humana não existia P'ra aqueles pobres infelizes, coitados Cujo seu futuro nas viagens morria
Nem podiam gemer ou gritar seus ais Suportados p'los seus corações chorados Por serem tratados como animais
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Por serem tratados como animais E não por simples boa gente Uns, teriam mortes brutais Mas p’ro Branco era indiferente
Nas sanzalas, esperava-lhes o tronco E vil chibatadas sem fim Dadas por um feitor bronco Ordenadas p’lo seu senhor, ruim
Ali, multidões de negros cambaleavam Dançando e fugindo da maldita chibata E, enganando a fome que a vida roubava
Serviam, desbravadores e colonizadores Que os compravam a negreiros de vida farta Como bons escravos e óptimos trabalhadores
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Como bons escravos e óptimos trabalhadores Suportavam em desprezo a fúria do algoz Que contratava loucos matadores P’ra lhes dar louca perseguição feroz
Por vezes, algumas fugas sucediam Procurando os caminhos do quilombo Capitães do mato os perseguiam Com o estalar da chibata, em seu lombo
Capturados, iam prós cativeiros Onde lhes esperava farta tortura Das vergastadas, seus companheiros
Com tal acto, o Branco, seu senhor Escrevia o horrível destino da loucura Por linhas tortas, no livro da imensa dor
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Por linhas tortas, no livro da imensa dor Registaram-se actos de total crueldade Hoje imagina-se como era aterrador Envergonhando a nossa sociedade
P’ra quem vivia nos cativeiros senhoriais Nada era mais importante que a liberdade A fuga eram momentos bem especiais Prós Negros guerreiros, e sua irmandade
Com instrumentos de ferro, torturavam Os pobres infelizes, da pele de outra cor Que no tronco, carrascos os matavam
Sem dó, nem piedade e razão Sob as ordens de tão mau senhor Que era dono, e rei da escravidão
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Ele era dono, e rei da escravidão E servia panos p’rás mortalhas Dos Negros desprezados, por sua mão Que morriam de ódio, nas esteiras de palhas
Seu senhor, tanto desamor distribuía Por aqueles infelizes de cor diferente Que suas alforrias não conseguia Mas chibatadas, recebiam de presente
A raiva crescia, crescia como erva daninha Em Negras que pariam filhos já cativos P’ra serem roubados por triste gentinha
E negociados por negreiros manhosos A outros senhores de corações perdidos De muito dinheiro, e todos poderosos
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De muito dinheiro, e todos poderosos Compravam porões de navios negreiros Vindos da pátria dos Negros saudosos Que não voltariam aos seus terreiros
Novos e velhos vinham amontoados Em estados miseráveis p’rás suas vidas Chegavam de mares, muito maltratados Alguns morriam, por causa das feridas
Os mais saudáveis, valiam bom dinheiro Enchendo o bornal dos comerciantes Que enriqueciam à conta do cativeiro
Do infeliz Negro, tanto escravizado Como ele, nunca fora antes P’ra graça dum futuro arruinado
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P’ra graça dum futuro arruinado Nos Engenhos do novo patrão Onde labutavam sem direitos dado Recebendo em troca má alimentação
Todos os dias trabalhavam de sol a sol Comandados p’las chibatadas do feitor Que não tinha coração mole E os açoitava sem qualquer pudor
P’ra total vergonha do homem Branco Que deixava cometer tal crueldade Nestes infelizes que sofriam tanto
Roubando-lhes pureza, e dignidade Fazendo-os sofrer, por tal maldade Elevando-lhes desprezo, e animosidade
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Elevando-lhes desprezo, e animosidade Que os fazia, aprender a lutar: A capoeira Sua arma de esperança e liberdade Quando fugiam da Sanzala matreira
Onde por vezes a porta não tinha retorno Por causa de lutas com o capitão do mato Vencendo, ou morrendo nas mãos do dono Seu rei e senhor, causador de tão mau trato
E em fuga, nos rios banhavam a dor Que lhes consumia a alma humana Lamentando sua sina, e aquele terror
Que em cânticos, bem o descreviam Nos rituais, da lembrança Africana Cujo seus corações, nunca esqueciam
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Cujo seus corações, nunca esqueciam Chorando nas danças de roda, sua dor E ao som do batuque, lágrimas vertiam De volta da fogueira, sob o olhar do feitor
Se ódio a mais, atrapalha corações Nas Sanzalas, os Negros assim viviam Guardavam-no, p’ra certas ocasiões Ofertando ao carrasco, quando podiam
Prós Negros, a tortura era companheira E também tristeza, sua solidão Confessada nas noites à lua faceira
Que tudo espiava, com as estrelas coloridas Olhando em baixo, a chibata sem razão E as lágrimas das Negras, mantidas cativas
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E as lágrimas das Negras, mantidas cativas São pétalas de lindos poemas, que rolam Nos rostos amargurados de fadigas P’la perda de filhos, que não as consolam
Seus paradeiros, elas desconheciam Por negociantes os terem vendidos A sanzalas, onde outros padeciam Da loucura dos espíritos de rumos perdidos
Mãe Negra, transportava sua vida tristonha Onde por vezes de escrava, era amante Do senhor, que as emprenhava sem vergonha
Destruindo-lhes, a doce e bonita pureza De sua juventude bela e ofegante Roubada p’lo patrão, de baixa esperteza
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Roubada p’lo patrão, de baixa esperteza Aumentando-lhes o desejo de resistir E num grande acto de bravura e nobreza Conseguiam por vezes, das fazendas fugir
Daquelas ignóbeis vidas escravizadas Que eram seus destinos consumados Fazendo surgir revoltas bem preparadas Não sendo mais no tronco, flagelados
Acabando a escravidão em alguns lugares Onde senhores não mais atemorizavam Vidas que eram tristes e tão irregulares
Dos Negros, que conquistaram liberdade Aos senhores que os escravizavam Começando aí, a vitória da igualdade
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Começando aí, a vitória da igualdade P’ra homens, e mulheres de Negra cor Que sofreram más doenças da sociedade Espalhando miséria, nesse tempo de pavor
E nas orvalhadas gélidas das noites Havia almas que tremiam de frio Só de recordarem os estalares dos açoites Dados por reles feitores, dias a fio
Os espíritos dos seus antepassados Também bailavam ao som da dor Do batuque dos Negros castigados
Registando-se nos livros da história A incrível mão pesada do vil senhor Gravada com tristeza na nossa memória
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Gravada com tristeza na nossa memória Lembrando os açoitados até à morte Que só queriam ser livres, p’ra sua glória E voar como pássaros, rumo a nova sorte
Buscando o destino de novos ninhos Sonhando, sonhando, com a liberdade Não a conseguindo, os Negros cativos Suas alforrias perdidas na adversidade
O Negro era tratado como um animal Que dos senhores, era sua propriedade Vendiam ao trocavam-nos, e tudo era legal
P’ra estes esclavagistas de tanto terror Que tratava o irmão com inferioridade Escrita na história em letras de horror
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Como a história descreve, em letras de horror Juntamente com escravizados, da antiguidade Que eram Brancos, e sofriam da mesma dor P’lo desrespeito do homem, e da sua bestialidade
Aí, Negros e Brancos viviam em solidões feridas Perdendo a mística de suas doutrinas Aprendidas em infâncias, puras e cristalinas Castradas por maldades então distribuídas
P’los mesmos odiosos que a história fala Deixando más memórias, que hoje dói Perturbando-nos a alma, que não se cala
Causando manchas descobertas de pranto Á vida humana, onde a grande culpa foi Da horrivel loucura do Homem Branco
Lá fora, e cá dentro Um mundo cruel e egoísta Mente com enorme naturalidade Mente, porque os homens falam de paz E por interesses que se advinha Ela não acontece
Porquê tantas mentiras? Se todos sabemos, que de paz só se fala
E a desenham em pedras de gelo
Morrem inocentes, crianças, velhos e pobres
Por bombas colocadas na desgraça humana Em nome de bonitos ideais Precisamente, por alguns que apregoam a paz Mas mais não fazem, que lutar p’la defesa Dos seus magnânimos interesses E vejam... Até se grita por paz Quando loucos tudo destroem, Matam, e falam em nome de Deus
Porquê tantas mentiras? Se é mais verdadeiro O amor das borboletas p’las flores Se é mais verdadeiro o mel Que as abelhas nos presenteiam Se é mais verdadeiro o voo do condor Se é mais verdadeiro O olhar piedoso do supremo Cristo, Crucificado por nós na cruz
Porquê tantas mentiras? Se lá fora, continua o troar dos canhões Se lá fora, e cá dentro Ouço o choro e o grito da pobreza Se lá fora, a chuva do mal Não pára de salpicar de morte, a vida
Que não leva qualquer chançe de futuro
Porquê tantas mentiras?
Se nos andamos a enganar, Se a paz p’ra tantos, só chega na morte
E cedo de mais para tantos milhões
Que o que mais desejam
É a felicidade de seu irmão
Porquê tantas mentiras? Porque nos enganam Os senhores do poder Com promessas cheias de esperança, Vivendo em palácios Repletos de opulência, E dum futuro sempre risonho só p’ra eles Se apenas, e só apenas Nos prometem a vil mentira
Caminhamos p’la estrada da vida Como um batedor de florestas e matas Se encontrarmos desvios só com ida Tudo poderá cair em cascatas
Se a caminhada, for de boa partida O berço foi de óptimo sucesso Então, o começo será de boa saída E na vida talvez não haja retrocesso
P’la estrada, iremos crescendo Diversos cruzamentos aparecerão Alguns atalhos se irãi conhecendo P’ra que nunca nos falte o pão
A estrada da vida é bem cumprida Bem ou mal, a vamos fazendo Aparecerá uma companhia divertida Que connosco a irá percorrendo
Desse divertimento nascerá alguém Que se junta no nosso caminhar Ensinaremos tudo, mais o bem Que mais tarde, decerto irá precisar
Na longa viagem, nada vamos temendo Passamos montes e mares até ao areal Com ires e voltares, vamos vivendo Dentro dos princípios da boa moral
E já vergados p’las primaveras da vida Depressa nos aproximamos da meta final Logo percebemos, que vamos de partida E prontos, p’ra iniciar a estrada celestial
Na fresca manhã de primavera No maravilhoso jardim de Maria Chega a melodia Ela se espalha, como o perfume Das flores mais belas do seu canteiro A melodia se vai aproximando Dando-se a conhecer aquele Ambiente tão natural Apresentando-se como uma obra Fantástica de Bach, tão fantástica Que vai deixando o coração De qualquer um Num doce latejar de paixão P’lo fascínio de uma cantata de Bach, Que se ouve p’ra glória de Deus, Deixando deslumbrada Maria Tão deslumbrada, como se ela Fizesse parte das flores de seu jardim Onde lindas borboletas, nelas se vão Maraposeando, pétala a pétala, Brotando fragrâncias extraordinárias Tão extraordinárias como um álbum Completo de cantatas maravilhosas
P'ra Maria,
Oferecidos pelo próprio Bach, Naquela linda, e fresca manhã primaveril