Na orvalhada da madrugada Isabel finta seu destino traçado E num acto de coragem, ali na calçada Ela decide o abandono de seu pecado Tido aos pedaços p’las noites fora Onde pica o ponto de sua miséria
Homens, com ela se deitam na hora Sonhando nos braços, da galdéria
Que a desejam ardentemente Nessa vida de loucos momentos
Ela agora, vai fintar o destino presente Abençoando o fim de seus tormentos Porque a coragem a levou a tal decisão E p’ra ela, outro mundo sorri Ofertando-lhe boas vindas ao coração Com um novo e feliz destino p’ra si
Isabel, batia as madrugadas de solidão Com seu corpo fino e gracioso Hoje finta o destino, de vidas de ilusão Num aprumo certo e precioso
Por teu sorriso de pureza Por esse olhar celestial Por murmúrios de gentileza Eu toco meu amor P’ra sentir essa alegria P’ra tua virtude Angelical P’ra te amar com sabedoria Eu toco meu amor Porque vais em meus sonhos Porque somos um feliz casal Porque gostamos de dias risonhos Eu toco meu amor Quando caminhamos P´lo jardim Quando escutamos o vendaval Quando da vida fazemos um festim
As praias Africanas Recordam linhas tortas escritas na história Em livros, conta-se o trafico dos escravos Levados durante centenas de anos Nos tombadilhos das Naus e Caravelas Repletos de legiões de homens, e mulheres Cujo seu único crime era de serem negros
P´la ponta da chibata eram dominados Sem qualquer respeito p’la vida humana Por caçadores negociantes que os venderiam Aos senhores de dinheiro de vários locais Como das Antilhas, da América e da Europa
Seus donos de chicote na mão os compravam A negreiros para trabalharem nos engenhos Nas minas ou nas sanzalas
E sem qualquer escrúpulo pelo seu irmão De cor diferente, "os ditos senhores"
Os tratava pior que ‘coisas’, Tirando-lhes a vida num prazer sarcástico Difícil de entender
Estes seres cuja a diferença era a cor negra Viviam sem fé, sem esperança, e sem sorriso Acumulando apenas ódio P’lo seu senhor e patrão Que lhes matava a liberdade, a família,
E a dignidade, sob o estalar da chibata
Eram arrancados de sua terra mãe E levados sem regresso, perdendo-se pelo mundo
Homens e mulheres da cor de sua desgraça Que eram negociados a belo prazer pelos seus Todos poderosos proprietários Que não passavam de “reles” homens brancos Que os roubavam para serem escravizados Nas sanzalas, e reprodutores de mais escravos
Que depois seriam retirados A suas mães, mal que nasciam A fim de serem negociados p´ra estupidez Dos senhores das roças Que eram o símbolo louco, da altura
Será que foi só um acto miserável Cometido nessa época? Ou será que hoje Aí num lugar qualquer sem Deus Ainda haverá a mesma Loucura do homem branco?
Escrevo partilhando a emoção que hoje sinto Entrou p’la minha porta da casa alguém que não via faz algumas primaveras Foi como se tivesse recebido um doce, o melhor doce do mundo A mais saborosa iguaria que alguma vez alguém ofereceu num dia sem esperança
E da maneira algo majestosa vos digo, foi um momento mágico! Único p’ra meu pobre coração que tem andado a beber a dor aos tragos
Alguém regressou p’ra minha casa, a sua casa! Que tanto tempo esperou por ela, derramando seu perfume
se mantém empregnado
Estou muito feliz! Ela perdeu-se nas teias da má vida, p’las casas de chuto da maldita droga de sonhos fáceis Mas o bom Deus, lhe mostrou a luz E a colocou no seu bom caminho Sou um homem feliz, tão feliz como se descobri-se novo tesouro
No despertar da minha inspiração, E de olhos bem cansados P’la noite dentro surge um poema Que vai tecendo nas teias Dos meus pareceres de vida
Vou escrevendo em palavras
O sentimento que vai soluçando Em letras de tinta preta Expremindo o amor, a solidão, E a indiferença que me perturba Que vou desenhando em poesia Num papel branco, Tão branco como a pomba da paz, Que minha mente tanto almeja
Por momentos repouso
E meus dedos impacientemente
Vão aguardando que a inspiração Surja rápida como cometa,
P’ra escrever em letras de ouro,
Palavras simbolizadas
E não desfocadas Da realidade que me cerca Eles, que me façam escrever Sem parar até ao final Da minha pobre poesia,