Não de heróis bem abastados Ando descalço e sem enganos Subindo a ladeira dos coitados Outrora fui marinheiro das Naus Naveguei por mares encrespados Cheguei a praias em dias maus Vi corpos doridos, e enfernizados
Eram escravos negros, de senhores Explorados pelos que sabem enganar Apenas queriam alforria dos libertadores P’ra sua liberdade desfrutar E eu rico, de mulheres sedutoras Aqueles pobres não fui ajudar Agora choro as horas libertadoras Que em minha vida, não soube dar
Éramos heróis, da doce pátria que amamos E, escravas lindas andávamos a fecundar Filhos mestiços lá deixámos, que os choramos Nos braços de mulheres puras, de se amar A vil tristeza invade a alma Aos bravos soldados daqueles mares São recordações numa tarde calma Que amarguram a vida, nos sonhares
Essas lembranças, que em pecado andei Ao bom Divino peço sua razão Agora sou pobre, e só eu sei Porque é que a Deus imploro perdão Sou pecador, assim vou morrer Nesta pobreza de bens terrenos Que não mais trouxeram bom viver Esperando meu espirito, os Santos serenos
Prós lados do sol nascente Certo dia aconteceu poesia O mundo recebeu de presente A inspiração que um poeta vivia
Camões, presenteou-nos com lucidez E como foi sublime, e magnifico Seus poemas se declamam tanta vez Alguns históricos, outros de amor rico
Enormes paixões Camões tinha Violante, era uma das musas amada Nunca a levou ao altar da Capelinha Porque ela, com um Conde era casada
Inspirou-se, e deixou-nos os Lusíadas Obra prima de grande esplendor Descreve os descobrimentos como saídas De uma Epopeia Portuguesa superior Nem com Virgílio, nem com Homero Na Eneida, e na Odisseia Havia tanto brilhantismo sincero Como na sua obra que se saboreia
Oh! Admirável grande poeta Portugal de hoje por ti chora Trouxestes os descobrimentos da época Ensinado nas escolas em boa hora O país contigo engrandeceu A tua obra no mundo é eterna Andaste nas tormentas de Deus Quando eras Trinca-Fortes, e já poeta
Em Ceuta, perdeste o olho direito Contra Mouros de má memória Foste p´ra China, e na gruta estreita Escreveste os Lusíadas p'ra história Poeta, que pró Divino um dia partiste Deixaste amores cá na terra Tiveste um fim, trágico e triste Mas a Pátria de ti, nunca renega
Sopra o vento forte da lezíria Montado num cavalo alazão Traz uma carta de amor por cortesia P’ra varina guardar no coração E o vento diz às estrelas Que são palavras de paixão
Vem vento das noites belas
Ao sentimento dar um abanão
O vento chegou ao entardecer Soprando ao sol que vai embora No rio, a gaivota vai desaparecer Buscando o amor, que a peixeira chora A ave foi à Caravela saber Se o marinheiro aporta p’la noite fora
Chora, chora a minha varina
Gorjeia a gaivota ao vento sem demora
Teu amor, agora não vai chegar Foi p’ro mar, foi embora Ele é o teu herói, e foi p’ra lá navegar
A, avezinha canta p'ra amiga que chora P'la noite dentro até o dia raiar O seu herói da carta virá à hora P’ra com ela casar