30.06.21
ANA ROSA
Nos meus tempos de estudante
p´lo Bairro Alto eu andava
E à porta de uma taverna
conheci Ana Rosa
Era uma mulher feita e fogosa
de corpo de alguma formosura
E num vão de escada
de um prédio velho,
ela tornava minha juventude
bem mais saborosa
Ana Rosa, e todas as Anas Rosas
que por aquelas ruas vagueavam
naquela época como falsas virgens
mais não faziam que vender
o corpo meio descoberto,
exibindo a miséria sem piedade
cuja pouca fazenda cobria suas
vergonhas que ofereciam
por algum dinheiro, aos homens
ou rapazolas que como eu
por ali passavam
O pouco dinheiro que eu tinha
dado por meus pais,
eu o guardava, e esse dinheiro
com mais alguns trocos
que docemente surripiava
à pobre da minha avó
me levavam àquelas ruas,
pelo menos uma vez por mês,
e a Ana Rosa eu queria,
vestida de tudo, e despida de nada
pois era a mulher de meus sonhos
eróticos e sensuais,
e também o meu conforto
Ela, só não sabia ensinar-me amar
como era boa ouvinte
e, na minha inocência de vida
lhe contava minhas tontarias
de rapaz ansioso e atrevido,
e o meu amor por ela
crescia admiravelmente como versos
E Rosa ria, ria...
Como ela ria, meu Deus,
seu sorriso era tão bonito
como seu corpo de onduladas curvas
Bem depressa,
deixei de ir àquelas ruas escuras,
tristes e de má fama por causa
dos pecados da vida
Mas tivesse eu dinheiro,
a ela eu iria todos os dias
Que saudades eu tenho
da minha vida de rapaz doidão,
como dizia Ana Rosa,
e baixinho me sussurrava
ao ouvido, dizendo
como gostava ser dona
da rua do pecado,
só para estar comigo
Hoje passo pelo Bairro Alto,
e claro, já lá não está a Ana Rosa
mas eu a recordo com amizade,
e se calhar com algum amor
que fiquei por essa mulher
que sempre achei gostosa
Ah, tivesse eu dinheiro nessa época
de quando era jovem,
aquela rua de pecado,
eu oferecia à Ana Rosa
de: fernando ramos