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FERNANDO RAMOS

Minha Poesia

FERNANDO RAMOS

Minha Poesia

218 - BEIJO MOLHADO

Fernando Ramos, 08.02.21

  

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  • 218 - BEIJO MOLHADO
  •  
  •  Dei-te um beijo molhado
  • Em teus lábios de doçura
  • Dele, não disseste obrigado
  • Apenas fizeste censura

  • Fiquei preocupado
  • Pela tua desfaçatez
  • Deles havias sempre gostado
  • E pedias mais e mais, outra vez

  • Por aí, algo se passa
  • E eu não estou a perceber
  • Diz lá se é alguma graça
  • Ou não te está apetecer

  • Afinal era mesmo isso
  • Que estava acontecer
  • Voltei a ver teu sorriso
  • De manhã e ao anoitecer

  • Aí te beijo outra vez
  • Com a mesma doçura
  • E teremos a sensatez
  • De o guardar na loucura

  • E não, na mágoa sofrida
  • Que me tráz tantos desejos
  • De amar-te pela vida
  • Como um poena de beijos

  • de: fernando ramos

217 - AJUDA DO FEITICEIRO

Fernando Ramos, 06.02.21

 

 

  • AJUDA DO FEITICEIRO

  • O velho feiticeiro diz:
  • Que meu silêncio é de pedra
  • Ele acha que o cupido quis
  • Que não quebrasse essa regra
  •  
  • É que eu tinha prometido
  • De amor, nem ao vento falar
  • Já que não tinha conseguido
  • A bela mulher conquistar
  •  
  • Este silêncio vou quebrar
  • Porque, por ela ando exaurido
  • E ao feiticeiro vou contar
  • Como não sou correspondido
  •  
  • Ele vai ter de me ajudar
  • Meu coração não aguenta
  • Eu por ela vou acabar
  • Mal com minha tormenta
  •  
  • O meu silêncio terminou
  • E agora grito ao mundo
  • Amo a mulher que me levou
  • Ao maior silêncio profundo
  •  
  • Lindas rosas lhe ofereci
  • Porque o feiticeiro me aconselhou
  • Lutei tanto que consegui
  • Seu amor que demorou
  •  
  • O mundo ficou a saber
  • O que o feiticeiro fez por mim
  • Que ele deu uma ajuda, a ela
  • Com pozinhos de perlimpimpim
  •  
  • de: Fernando Ramos

216 - A GÔNDOLA E O GOLFINHO

Fernando Ramos, 04.02.21

 

 

A GÔNDOLA E O GOLFINHO


Minha gôndola vai no rio

A caminho de seu mar

Eu encontro um Golfinho

E com ele quero brincar

Na gôndola vou na proa

Com o golfinho a puxar

Ela vai na onda boa

Eu já nem vou a remar

Meu golfinho meu amigo

Não precisas de puxar mais

Porque na onda vou contigo

Direitinho ao cais

Adeus meu golfinho de ouro

Minha gôndola é uma caixa

Mas para mim é um tesouro

No teu mar de maré baixa

 

de: fernando ramos

215 - O MUNDO DE MÃE PRETA

Fernando Ramos, 02.02.21

 

 

O MUNDO DE MÃE PRETA


No bairro há uma lixeira

E também mortos e vivos

Para as crianças é uma brincadeira

Mas seus futuros são ali perdidos

 

Mãe preta vive lá

Com sua família também

A lixeira ali, é coisa má

P´ra todos e para a mãe

 

Ela vive muito triste

No meio daquele horror

Se é que Deus existe

Acabe com esse terror

 

Vive ali tanta gente

Que não tem bom futuro

Não há ninguém contente

Porque ali não é seguro

 

A lixeira do seu país

Deve ser a pior do mundo

Toda gente é infeliz

Naquele lugar nauseabundo

 

Aqui é tudo gente séria

Fala mãe preta no seu juízo

Ninguém termina esta miséria

Diz no seu belo sorriso

 

Isto não é terra de brancos

Disse numa boa gargalhada

Também não são assim tantos

Por isso não tem esta bicharada

 

As flores lá nem crescem

Porque dava um jardim imundo

O que por ali florescem

São as misérias do mundo

 

Mãe preta gostava de mudar

Se todos assim quiserem

Mas se nada se alterar

É porque os homens querem

 

Se fecharem a lixeira

A Deus, todos os dias louvo

Tratem mas é de ter maneira

De dar essa alegria ao povo

 

Mãe Preta ainda diz mais

Os mortos nada teem a perder

Mas as crianças e seus pais

Deus não os deixes aqui morrer

Vamos lá mundo louco

Acabar com esta miséria

De nós não façam mais pouco

Porque a pobreza é coisa séria

  

de: fernando ramos


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