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FERNANDO RAMOS

Minha Poesia

FERNANDO RAMOS

Minha Poesia

857 - A FRASE

Fernando Ramos, 30.07.18
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  • 857 - A FRASE
  •  
  • Numa frase vou saber
  • E dar voz ao meu sentir
  • Nela vou descrever
  • A pérola por descobrir
  •  
  • E quero que aconteça agora
  • Que a frase saia da mente
  • Porque acho que está na hora
  • A minha ansiedade ser diferente
  •  
  • E com um belo sorriso
  • Já não vou de rua em rua
  • E p´la frase não será mais preciso
  • Continuar andar na lua
  •  
  • De outra frase já não quero saber
  • Porque é de sentido vago e pequeno
  • Esse drama, jamais voltarei a viver
  • Essa frase nunca mais vou escrever
  •  
  • De: Fernando Ramos

856 - LISBOA DE AMOR

Fernando Ramos, 28.07.18

 

 

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  • LISBOA DE AMOR
  • Minha cidade é Lisboa
    De gentes de tanto vencer
    É terra onde a voz entoa
    Fados de poetas de bem saber
  •  
  • A cidade não tem salinas
    Nem sol de mau feitio
    Tem lindíssimas colinas
    Beijando o Tejo, que é o rio
  •  
  • Faz festas com os seus Santos
    E o António vai na marcha popular
    Tem clubes de seus encantos
    Lá para os lados da circular
  •  
  • Um é o Benfica do grande Eusébio
    Extraordinário artista de forte chuto
    Outro o Sporting que tem um génio
    Ronaldo, estrela maior do seu reduto
  •  
  • Lisboa tem varinas e o pregão
    Poetas e trovadores
    Tanto amor no coração
    Cantado em fados de ricos autores
  •  
  • Minha cidade não é o centro do mundo
    Nem de Marte nem da Lua
    Mas oferece um abraço profundo
    Ao turista, que lhe calcorreia a rua
  •  
  • Deixa corações depressa bater
    A quem a ama com alegria
    É pedaço de chão de enternecer
    Por ser tão bela e sem nostalgia
  •  
  • Já teve moinhos de maré
    E tem Camões seu grande poeta
    A fadista Amália, que ainda hoje é
    A voz da paixão, que no povo desperta
  •  
  • Minha Lisboa de amor
    Que o faz a toda a hora
    Dá beijos com tanto calor
    Ao seu passado, e agora
  •  

De: Fernando Ramos

855 - A BRUMA NA CIDADE

Fernando Ramos, 26.07.18
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  • A BRUMA NA CIDADE
  •  
  • Estaremos irremediavelmente sós
  • Se a bruma não sair da Cidade
  • Velhos, e operários gritarão a uma voz
  • Que à injustiça, chegou a dignidade
  •  
  • E tantos ficarão mais felizes
  • Pela boa nova extraordinária
  • Não mais acontecerá deslizes
  • Daqueles da ordem sumptuária
  •  
  • E o esqueleto do trabalhador incorrupto
  • Jamais terá sua pele suja e enrugada
  • Das maldades dum patrão bruto
  • Que lhe paga a miséria chorada
  •  
  • Serão novos ventos de liberdade
  • Que lhe vai moldar o fraco ganha-pão
  • Enganam-se, se acreditam na sinceridade
  • Do político que mente a seu irmão
  •  
  • Choremos pobres, choremos
  • Das mentiras que são prometidas
  • Porque decerto só comeremos
  • As migalhas no chão perdidas
  •  
  • Os operários à velha bigorna voltarão
  • Com a mesma ansiedade escondida
  • No ferro, a sua raiva baterão
  • Por causa da gloria mentida
  •  
  • E a bruma na cidade ficará
  • Como um pesadelo conquistado
  • O mal de senhores o mundo julgará
  • Por alguém nascido predestinado
  •  
  • Ao velho, a dor rasgará o ventre
  • Porque ainda acreditou na mudança
  • E o irmão operário, em união sente
  • A voz que apela por vingança
  •  
  • De volta à grossa turbina
  • Os operários não calam a revolta
  • Monta cavalos alados sem crina
  • P’ra correr num grito que se solta
  •  
  • De: Fernando ramos

854 - LISBOA É MINHA E TUA

Fernando Ramos, 24.07.18

 

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LISBOA É MINHA E TUA

 

Lisboa cidade de encanto

Tanto em dias frios e quentes

Por ela a voz eu levanto

Quando mal diz tristes mentes

 

Vagueio por minha Lisboa

Calcorreando sua calçada

E ao fim da tarde boa

Eu a abraço com amizade

Vejo que a cidade dos poetas

É saudosamente chorada

Trespassando peitos como setas

Quando à distancia é lembrada

 

Na sua sábia sabedoria

Gentes se abeiram do Tejo, sua luz

Ali aguardam que a maresia

Chegue à bela cidade que seduz

Ela é a inspiração da vida

Que percorre o caminho do sol

Sua alma não vai sofrida

No rio que não é triste, nem mole

 

Lisboa do povo bom

Que bem longe foi descobridor

Para lá levava o rico dom

Do seu Tejo protector

 

Nesta terra de céu azul claro

Onde o sol distribui alegria

A ele ninguém faz mau reparo

Porque é da Lisboa linda e de magia

 

Lisboa é de gente, que ama gente

Que a visita e a leva na saudade

Como um tesouro porque sente

Seu coração arfando pela cidade 

 

Lisboa é minha, e tua

E de heróis de boa memória

À noite, beija as estrelas e a lua

Sorrindo p´ra sua bonita história

 

de: Fernando Ramos

853 - GLORIOSO TANGO

Fernando Ramos, 22.07.18

 

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  • GLORIOSO TANGO

Dançamos o glorioso tango

Talvez o ultimo, meu amor

Enrolados nos compassos

Em doce malícia sem pudor

 

Dançamos, dançamos o tango

Que é meu, teu e do mundo

Cheios de ardor e afeição

Mergulhados no esplendor

Do sentimento terno e profundo

 

Ele é o puro símbolo final

De toda nossa consternação

Giramos, giramos em belos passos

Perdendo-se no palco da emoção

 

Dançamos, dançamos

Nosso último tango

Restando apenas sombras

De ondulados corpos

Nas paredes iluminadas p’lo luar

E no chão da curiosa Lua

Ficarão gravados os passos

Que no futuro irão despertar

A imaginação nua e crua

 

Dancemos, dancemos meu amor

Dancemos até à exaustão

Trocando passos ritmados

P’lo batuque sereno e cansado

De nosso pobre coração

 

De: Fernando Ramos

852 - CHORO CONSUMIDO

Fernando Ramos, 20.07.18

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 CHORO CONSUMIDO

Dos valentes regista a história

A sua heróica postura

Da guerra de triste memória

Resta apenas raiva e loucura

 

E com mágoas se relembra

A Guerra que nunca é nula

Porquê, porquê tal contenda

Rica de ambição, desprezo e gula

 

Um louco na história apareceu

Na Europa que se julgava de bem

Matou esperanças mas não venceu

E o mundo apelou à razão, sua mãe

 

Agora longe desse tempo

Ainda se aguarda melhoras

E neste passar tão lento

Vai na memória más horas

 

Mil lágrimas caídas

Dessa máscara tão nocturna

Muitas vidas foram sumidas

Por negra repelente figura

 

Dessa guerra sem sentido

Uma geração foi perdida

No seu choro consumido

Gritava-se paz, então conseguida

 

Do homem fica o pesadelo

Do seu acto vil e feroz

Pacifista precisa saber sê-lo

Para não voltar a ferida tão atroz

 

De: Fernando Ramos

851 - AQUELE TEMPO

Fernando Ramos, 19.07.18

 

 
 

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  • AQUELE TEMPO
  •  
  • Nasci num tempo onde a vida
  • Não era feita nesta correria infernal
  • Nasci no tempo onde se podia
  • Brincar na rua saltando à corda
  • Jogar à bola, ao berlinde, e até lançar o peão
  • Sou do tempo de ler o cavaleiro Andante
  • O mundo de Aventuras
  • Os heróis Bill the Kid, e o Bufalo Bill
  • Dum tempo que se passeava p´los campos
  • E se conversava rodeado de doces cheiros
  • De tranquilidade, e dos lindos pavões
  • Que em liberdade passeavam pelo
  • Jardim do Campo Grande de Lisboa
  •  
  • Nasci num tempo onde a natureza
  • Em cada pequeno pedaço nos oferecia
  • O prazer de olhar as lindas flores
  • E onde pares de namorados nos bancos
  • Do jardim confessavam seu eterno amor
  • Na braseira da paixão, sem incomodo
  • Sou do tempo...
  • Onde não havia comida enlatada
  • Congelada, e sem sabor
  • E tenho quase a certeza
  • Que não havia crianças tão gordas
  • E de falsa abastança
  •  
  • Nasci antes da informática,
  • Tantos tinham trabalho
  • Nem que fosse a cultivar
  • Aqueles figos, e aquelas ameixas tão gulosas
  • Que nós miúdos tanto gostávamos
  • Que bom ser do tempo onde os pêssegos
  • Cheiravam tão bem
  • Que bom que era ser do tempo da fruta saborosa
  • Ser do tempo onde tudo era descoberta
  • E nós gostávamos tanto, tanto
  • Do tempo do nascimento dos Beatles
  • Do aparecimento das calças de ganga
  •  
  • Sei que nasci num tempo de alguma fome
  • Mas será que hoje esse tempo não existe?
  • Será que hoje não haverá mais fome
  • A nova miséria não andará encoberta?
  • Nesse tempo estava tudo à vista
  • Tudo era claro, tudo era honesto
  • A palavra dada ou um aperto de mão valia ouro
  • Nasci naquele tempo...
  • Agora a lágrima cai só de nele pensar
  • Que aconteceu meu Deus!
  • Estarei tão velho que agora pergunto
  • Que é feito desse tempo
  • Que tempos são os de hoje?
  •  
  • De: Fernando Ramos

850 - CHICA MORENA

Fernando Ramos, 18.07.18

 

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  • CHICA MORENA
  • Na Adega da Chica, morena
    Passo horas de ricos momentos
    Ali ambiciono a paz serena
    Mergulhando em bons pensamentos
  •  
  • Agarrado à minha viola
    Canto, canto até o dia raiar
    Na noite meu espirito se consola
    Em quadras que a morena está amar
  •  
  • Chica, não chores das minhas baladas
    Elas são dores da alma, e meu receio
    P’ra ti as canto p’las velhas calçadas
    Entre o povo que é o nosso meio
  •  
  • De meus lábios brotam poemas
    Em frases embriagadas e desvairadas
    Que são para ti Chica... E apenas
    Os guardes como páginas sagradas
  •  
  • Elas são nossos beijos, e doces gemidos
    Trocados quando sós na velha adega
    Deles ficamos tontos e tão unidos
    Tornando-se poesia que a vida carrega
  •  
  • E nessa adega de meu canto
    Ouves as baladas de meu clamor
    São a minha vida num belo pranto
    P’ra teu coração feliz de amor
  •  

De: Fernando Ramos

849 - DEUSA

Fernando Ramos, 16.07.18

 

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  • DEUSA
  • Vejo a deusa dum templo Grego
  • Banhando-se nos raios da lua
  • É a mais linda da noite nua
  • Entre estrelas em desassossego
  •  
  • Em meu coração vai um suplício
  • Por olhar tal quadro cativante
  • Dessa linda Deusa deslumbrante
  • Que me leva de amor ao precipício
  •  
  • Vão ânsias dentro de mim
  • Pela sublime Deusa desejada
  • E numa noite desesperada
  • Uma estrela e a lua p´ra mim sorri  
  •  
  • Neste meu aconchego solitário
  • Não esqueço a graça e simplicidade
  • Que na Deusa não será casualidade  
  • Mas para mim é a eterna felicidade
  •  
  • De Fernando Ramos

848 - NOITE DE PRIMAVERA

Fernando Ramos, 14.07.18

 

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  • NOITE DE PRIMAVERA

 Numa noite de primavera

Andei por Lisboa

Percorrendo as velhas vielas e calçadas

E nesse mês de florescerem 

As sementes na terra

Ouvi na tasca bem velhinha

Desta briosa e linda cidade

O som da guitarra

Chorar teimosos trinados

As gentes ouviam

E se emocionavam

Num fado triste e negro

Tão negro como um céu sem luar

E no final da noite de primavera

P’la manhãzinha

Quando o sol desponta

As primeiras flores sorriam

Sorriam de felicidade

Da vida, da guitarra, e da fadista

Da tão castiça Lisboa

E o povo aquela hora

Ainda mal desperto

Vai num vaivém

Pró seu destino intimista

Fazendo contas, e murmurando

Como dando os bons dias à vida

E à doce manhã que chega

Pelo final da noite de primavera

Depois de tanta coisa boa ter acontecido

 

De Fernando Ramos

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