Vejam o povo Que vai na praça Gritando a fome Que o espirito não acalma Choram a miséria Num sol de Maio Com a raiva livre Bailando na alma
Cantam entre amigos A dor da fome Em baladas ao vento Que desfraldam velas Ouvem a brisa No murmúrio lento Sacudindo a morte Debruçando-se P’las janelas
É o povo desempregado Na sua negra tormenta Suplica por migalhas Do magro salário Que o pobre estômago Não lhes alimenta Restando a rua Como Santuário
Juntos, na malévola Pobreza tristonha Mostram com raça Sua determinação Lutando de pé A injustiça enfadonha Chegando-lhes à pele A prisão sem fé
Que p’ra eles estranha não é
E as pálidas nuvens Negras silenciosas Se abatem sobre a razão Em noites bem misteriosas Matando um povo
Um dia Eu sei que de ti me vou separar E recordarei todos os momentos Bons e maus Recordarei todas as nossas conversas Talvez as mais engraçadas Recordarei todos os nossos sonhos Recordarei momentos partilhados Se calhar nessa altura A lágrima teimosa lá irá cair Pela saudade que irá bater
Um dia Cada um de nós irá para seu lado Talvez o Divino, ai não nos queira juntos Talvez, seja esse o nosso destino futuro E nesse infinito tempo Recordarei como foi bom A nossa vida aqui Como foi bom todos os momentos que Estivemos juntos Como foi bom tratarmos todos Do mesmo modo, brancos, negros De todas as raças Como foi bom sermos amigos da natureza Que tanto nos deu e nunca nos fez doer De ingratidão Como foi bom todas as ânsias Todos os problemas Todas as alegrias, Todas as nossas faltas de vergonha Para aqueles pedaços mais íntimos Que só nós sabemos
Um dia Se calhar irei recordar isso tudo Mas agora que estou junto de ti Quero apenas estar contigo Porque o meu futuro mais próximo É o meu amor sem poréns, Contigo