
- REI DA RÁDIO
-
- É um artista, da música ligeira
Vai p’la estrada, cantando por aí
Usa penteados à vedeta de feira
O mulherio, gosta dele assim
- Sabe encantar, p’ra várias gerações
E seus corações ficam desfeitos
Nas meninas, espalha ilusões
Com sua voz de amores perfeitos
-
- Quando o vêem, gritam e choram
Andam loucas, com seu trovar
Ele diz que as ama, elas adoram
Mas nenhuma com ele, vai ao altar
- Ouvem-no na rádio com emoção
Sonham com ele em mil segredos
Faz vibrar tanto coração
Mas ama-los, causa-lhe medos
-
- É o rei da rádio, p’ra todas elas
E suas canções andam a beber
Canta-lhes, que são frescas e belas
E ele assim as anda a entreter
- É um artista da música ligeira
Vai p’la estrada, cantando por aí
Usa penteados à vedeta de feira
O mulherio, gosta dele assim
-
- De: Fernando Ramos
publicado por Fernando Ramos às 16:30

- MOMENTOS EMOCIONADOS
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- Bons momentos trazem emoção
São como orquestra bem afinada
Eles, nos confortam o coração
Numa melodia de génio, consertada
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- As pautas sem notas, não produzem som
Da bela melodia, que não se ouve, e reparte
Já outros momentos, são como um dom
Do génio que compõem fina arte
-
- Ele cria belas pautas, de notas pretas
Prós tais momentos emocionados
Ouvindo-se lindas sinfonias completas
-
- Tocadas por artistas bem Orquestrados
Estremecendo corações sensibilizados
Dum publico, na plateia deslumbrados
-
- De Fernando Ramos
publicado por Fernando Ramos às 14:46

- O BORDEL DA VIDA
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- Os dias passam velozmente
Entrando p’la porta do Bordel
Trazendo mágoas repletas
De histórias da vida
Lá dentro, marionetes do poder
Obedecem como prostitutas baratas
Ao seu amo explorador
Que ao mesmo tempo é seu rei
Rei da podridão que produz
Poluindo o ambiente de ódio lamacento
Onde esse reizinho se sente muito bem
Talvez bem de mais
- É um lugar perfeito
Para este personagem único!
É como um figurante de um
Livro da banda desenhada,
Onde o terror se rabisca
P’la ponta de um lápis.
-
- A vingança, a destruição, e o mal,
São gravados na folha de papel
Com a mesma precisão de um tiro
Dado por este péssimo personagem
Mostrando ele, a suja miséria causadora
da destruição da nossa sociedade
Vivida no exterior do bordel
- Lá dentro, essas prostitutas da desgraça,
Deixam muito a desejar ás outras
Que buscam apenas alguns trocos
P’ra viver, apenas isso.
As prestitutas do terror
- Vão servindo seus clientes,
Com a distribuição, não de carinho e amor
Mas sim do que aqueles homens
Tem de mais nefasto à sua própria vida
Que são as armas de todo o tipo de fogo
O importante é que sejam do último modelo
Daquelas que qualquer senhor da guerra
Ambiciona e sonha ter em suas próprias mãos
P’ra acarinhar e vincar bem o seu poder
E desprezo p’lo seu semelhante, e irmão
E o mundo da paz, pergunta assustado:
Mas não será possível fechar
Todos os bordeis da desgraça humana?
-
- de: Fernando Ramos
publicado por Fernando Ramos às 12:33

- SOBREIRO DOS BONS
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- Á sombra quente do velho sobreiro
No latejar silêncio da tarde
Uma avezinha, procura o poleiro
Fugindo de um caçador cobarde
- Aquele sobreiro, que é abrigo de tantos
Nele buscam sua graciosa protecção
Para um puro acolhimento de Santos
Evitando uma morte cruel e sem razão
-
- As aves se protegem neste seu amigo
Nas melancólicas fins de tarde de Verão
Porque alguém mais afoito e decidido
Se resolve, as caçar sem perdão
- O sobreiro magnifico está presente
Na reserva protegidas da caça
Lá, as aves gorjeiam ao medo ausente
Porque ali não há maldade que se faça
-
- Mas se um dia, no azul da felicidade
O sobreiro dos bons já ali não existir
Foi o homem, que o abateu sem piedade
Não podendo as avezinhas lhes acudir
-
- De: Fernando Ramos
publicado por Fernando Ramos às 10:26

- 682 - MENTIRA NO MEU AMOR
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- Por belas que sejam tuas magias
E me deixem perdida p’ra te amar
Apenas são meras fantasias
Durando só, até meu despertar
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- Tens-me, sem teres amor
Num doce frenesi de loucura
Sei que depois vem a dor
Dessa falsidade que tortura
-
- Não é assim que sonho viver
Contigo a meu lado p'ra sempre
Essa esperança em mim vai morrer
No meu coração, triste e ausente
-
- São meras ilusões que choram a dor
E ideias, que depois se deitam fora
Por favor, não enganes mais o meu amor
Essa mentira nele, tem de ir embora
-
- De: Fernando Ramos
publicado por Fernando Ramos às 16:11







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- 681 - A LOUCURA DO HOMEM BRANCO – (COROA DE SONETOS)
1
A loucura do homem Branco
Nos séculos intensos de escravidão
Cometeu actos que envergonham tanto
Que ao saber-se, provoca emoção
Negros, em tombadilhos eram levados
Nas condições mais miseráveis
Muitos chegavam despedaçados
Os vivos, em estados deploráveis
Ali, dignidade humana não existia
P'ra aqueles pobres infelizes, coitados
Cujo seu futuro nas viagens morria
Nem podiam gemer ou gritar seus ais
Suportados p'los seus corações chorados
Por serem tratados como animais
2
Por serem tratados como animais
E não por simples boa gente
Uns, teriam mortes brutais
Mas p’ro Branco era indiferente
Nas sanzalas, esperava-lhes o tronco
E vil chibatadas sem fim
Dadas por um feitor bronco
Ordenadas p’lo seu senhor, ruim
Ali, multidões de negros cambaleavam
Dançando e fugindo da maldita chibata
E, enganando a fome que a vida roubava
Serviam, desbravadores e colonizadores
Que os compravam a negreiros de vida farta
Como bons escravos e óptimos trabalhadores
3
Como bons escravos e óptimos trabalhadores
Suportavam em desprezo a fúria do algoz
Que contratava loucos matadores
P’ra lhes dar louca perseguição feroz
Por vezes, algumas fugas sucediam
Procurando os caminhos do quilombo
Capitães do mato os perseguiam
Com o estalar da chibata, em seu lombo
Capturados, iam prós cativeiros
Onde lhes esperava farta tortura
Das vergastadas, seus companheiros
Com tal acto, o Branco, seu senhor
Escrevia o horrível destino da loucura
Por linhas tortas, no livro da imensa dor
4
Por linhas tortas, no livro da imensa dor
Registaram-se actos de total crueldade
Hoje imagina-se como era aterrador
Envergonhando a nossa sociedade
P’ra quem vivia nos cativeiros senhoriais
Nada era mais importante que a liberdade
A fuga eram momentos bem especiais
Prós Negros guerreiros, e sua irmandade
Com instrumentos de ferro, torturavam
Os pobres infelizes, da pele de outra cor
Que no tronco, carrascos os matavam
Sem dó, nem piedade e razão
Sob as ordens de tão mau senhor
Que era dono, e rei da escravidão
5
Ele era dono, e rei da escravidão
E servia panos p’rás mortalhas
Dos Negros desprezados, por sua mão
Que morriam de ódio, nas esteiras de palhas
Seu senhor, tanto desamor distribuía
Por aqueles infelizes de cor diferente
Que suas alforrias não conseguia
Mas chibatadas, recebiam de presente
A raiva crescia, crescia como erva daninha
Em Negras que pariam filhos já cativos
P’ra serem roubados por triste gentinha
E negociados por negreiros manhosos
A outros senhores de corações perdidos
De muito dinheiro, e todos poderosos
6
De muito dinheiro, e todos poderosos
Compravam porões de navios negreiros
Vindos da pátria dos Negros saudosos
Que não voltariam aos seus terreiros
Novos e velhos vinham amontoados
Em estados miseráveis p’rás suas vidas
Chegavam de mares, muito maltratados
Alguns morriam, por causa das feridas
Os mais saudáveis, valiam bom dinheiro
Enchendo o bornal dos comerciantes
Que enriqueciam à conta do cativeiro
Do infeliz Negro, tanto escravizado
Como ele, nunca fora antes
P’ra graça dum futuro arruinado
7
P’ra graça dum futuro arruinado
Nos Engenhos do novo patrão
Onde labutavam sem direitos dado
Recebendo em troca má alimentação
Todos os dias trabalhavam de sol a sol
Comandados p’las chibatadas do feitor
Que não tinha coração mole
E os açoitava sem qualquer pudor
P’ra total vergonha do homem Branco
Que deixava cometer tal crueldade
Nestes infelizes que sofriam tanto
Roubando-lhes pureza, e dignidade
Fazendo-os sofrer, por tal maldade
Elevando-lhes desprezo, e animosidade
8
Elevando-lhes desprezo, e animosidade
Que os fazia, aprender a lutar: A capoeira
Sua arma de esperança e liberdade
Quando fugiam da Sanzala matreira
Onde por vezes a porta não tinha retorno
Por causa de lutas com o capitão do mato
Vencendo, ou morrendo nas mãos do dono
Seu rei e senhor, causador de tão mau trato
E em fuga, nos rios banhavam a dor
Que lhes consumia a alma humana
Lamentando sua sina, e aquele terror
Que em cânticos, bem o descreviam
Nos rituais, da lembrança Africana
Cujo seus corações, nunca esqueciam
9
Cujo seus corações, nunca esqueciam
Chorando nas danças de roda, sua dor
E ao som do batuque, lágrimas vertiam
De volta da fogueira, sob o olhar do feitor
Se ódio a mais, atrapalha corações
Nas Sanzalas, os Negros assim viviam
Guardavam-no, p’ra certas ocasiões
Ofertando ao carrasco, quando podiam
Prós Negros, a tortura era companheira
E também tristeza, sua solidão
Confessada nas noites à lua faceira
Que tudo espiava, com as estrelas coloridas
Olhando em baixo, a chibata sem razão
E as lágrimas das Negras, mantidas cativas
10
E as lágrimas das Negras, mantidas cativas
São pétalas de lindos poemas, que rolam
Nos rostos amargurados de fadigas
P’la perda de filhos, que não as consolam
Seus paradeiros, elas desconheciam
Por negociantes os terem vendidos
A sanzalas, onde outros padeciam
Da loucura dos espíritos de rumos perdidos
Mãe Negra, transportava sua vida tristonha
Onde por vezes de escrava, era amante
Do senhor, que as emprenhava sem vergonha
Destruindo-lhes, a doce e bonita pureza
De sua juventude bela e ofegante
Roubada p’lo patrão, de baixa esperteza
11
Roubada p’lo patrão, de baixa esperteza
Aumentando-lhes o desejo de resistir
E num grande acto de bravura e nobreza
Conseguiam por vezes, das fazendas fugir
Daquelas ignóbeis vidas escravizadas
Que eram seus destinos consumados
Fazendo surgir revoltas bem preparadas
Não sendo mais no tronco, flagelados
Acabando a escravidão em alguns lugares
Onde senhores não mais atemorizavam
Vidas que eram tristes e tão irregulares
Dos Negros, que conquistaram liberdade
Aos senhores que os escravizavam
Começando aí, a vitória da igualdade
12
Começando aí, a vitória da igualdade
P’ra homens, e mulheres de Negra cor
Que sofreram más doenças da sociedade
Espalhando miséria, nesse tempo de pavor
E nas orvalhadas gélidas das noites
Havia almas que tremiam de frio
Só de recordarem os estalares dos açoites
Dados por reles feitores, dias a fio
Os espíritos dos seus antepassados
Também bailavam ao som da dor
Do batuque dos Negros castigados
Registando-se nos livros da história
A incrível mão pesada do vil senhor
Gravada com tristeza na nossa memória
13
Gravada com tristeza na nossa memória
Lembrando os açoitados até à morte
Que só queriam ser livres, p’ra sua glória
E voar como pássaros, rumo a nova sorte
Buscando o destino de novos ninhos
Sonhando, sonhando, com a liberdade
Não a conseguindo, os Negros cativos
Suas alforrias perdidas na adversidade
O Negro era tratado como um animal
Que dos senhores, era sua propriedade
Vendiam ao trocavam-nos, e tudo era legal
P’ra estes esclavagistas de tanto terror
Que tratava o irmão com inferioridade
Escrita na história em letras de horror
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Como a história descreve, em letras de horror
Juntamente com escravizados, da antiguidade
Que eram Brancos, e sofriam da mesma dor
P’lo desrespeito do homem, e da sua bestialidade
Aí, Negros e Brancos viviam em solidões feridas
Perdendo a mística de suas doutrinas
Aprendidas em infâncias, puras e cristalinas
Castradas por maldades então distribuídas
P’los mesmos odiosos que a história fala
Deixando más memórias, que hoje dói
Perturbando-nos a alma, que não se cala
Causando manchas descobertas de pranto
Á vida humana, onde a grande culpa foi
Da horrivel loucura do Homem Branco
De: Fernando Ramos
publicado por Fernando Ramos às 14:21

- PORQUÊ TANTAS MENTIRAS?
-
- Lá fora, e cá dentro
Um mundo cruel e egoísta
Mente com enorme naturalidade
Mente, porque os homens falam de paz
E por interesses que se advinha
Ela não acontece
-
- Porquê tantas mentiras?
Se todos sabemos, que de paz só se fala
- E a desenham em pedras de gelo
- Morrem inocentes, crianças, velhos e pobres
- Por bombas colocadas na desgraça humana
Em nome de bonitos ideais
Precisamente, por alguns que apregoam a paz
Mas mais não fazem, que lutar p’la defesa
Dos seus magnânimos interesses
E vejam...
Até se grita por paz
Quando loucos tudo destroem,
Matam, e falam em nome de Deus
-
- Porquê tantas mentiras?
Se é mais verdadeiro
O amor das borboletas p’las flores
Se é mais verdadeiro o mel
Que as abelhas nos presenteiam
Se é mais verdadeiro o voo do condor
Se é mais verdadeiro
O olhar piedoso do supremo Cristo,
Crucificado por nós na cruz
-
- Porquê tantas mentiras?
Se lá fora, continua o troar dos canhões
Se lá fora, e cá dentro
Ouço o choro e o grito da pobreza
Se lá fora, a chuva do mal
Não pára de salpicar de morte, a vida
- Que não leva qualquer chançe de futuro
-
- Porquê tantas mentiras?
- Se nos andamos a enganar,
Se a paz p’ra tantos, só chega na morte
- E cedo de mais para tantos milhões
- Que o que mais desejam
- É a felicidade de seu irmão
-
- Porquê tantas mentiras?
Porque nos enganam
Os senhores do poder
Com promessas cheias de esperança,
Vivendo em palácios
Repletos de opulência,
E dum futuro sempre risonho só p’ra eles
Se apenas, e só apenas
Nos prometem a vil mentira
- Suportando o choro do pranto
-
- De: Fernando Ramos
publicado por Fernando Ramos às 15:23

- NOSSA ESTRADA
-
- Caminhamos p’la estrada da vida
Como um batedor de florestas e matas
Se encontrarmos desvios só com ida
Tudo poderá cair em cascatas
- Se a caminhada, for de boa partida
O berço foi de óptimo sucesso
Então, o começo será de boa saída
E na vida talvez não haja retrocesso
-
- P’la estrada, iremos crescendo
Diversos cruzamentos aparecerão
Alguns atalhos se irãi conhecendo
P’ra que nunca nos falte o pão
- A estrada da vida é bem cumprida
Bem ou mal, a vamos fazendo
Aparecerá uma companhia divertida
Que connosco a irá percorrendo
-
- Desse divertimento nascerá alguém
Que se junta no nosso caminhar
Ensinaremos tudo, mais o bem
Que mais tarde, decerto irá precisar
- Na longa viagem, nada vamos temendo
Passamos montes e mares até ao areal
Com ires e voltares, vamos vivendo
Dentro dos princípios da boa moral
E já vergados p’las primaveras da vida
Depressa nos aproximamos da meta final
Logo percebemos, que vamos de partida
E prontos, p’ra iniciar a estrada celestial
-
- De: Fernando Ramos
publicado por Fernando Ramos às 14:25

- TUA VOZ DE MAGIA
-
- Ouço tua voz plena de magia
Acompanhada p’la velha guitarra
Tocando p’ra ti com cortesia
Ás noites de fados vividas com garra
-
- É de enorme gozo fiel e cristalino
- Ouvir-te nos fados cheios de vida
Fazes-me sonhar, um tango Argentino
Bailando a voz em minh’alma bebida
-
- Ela, é um beijo de sabor a morango
Deixando meus lábios desvairados
Que se perdem no sonho desse tango
Fazendo-o dançar em passos trocados
-
- Essa voz, saída das entranhas da carne
Vem cheia de festa p’ra minha alma
Eu a ouço, e espero por um alarme
Do teu amor p´ra minha poesia calma
-
- E as guitarras soam felizes trinados
E te vão seguindo no doce cantar
Em fados de amor, e de alguns pecados
Cometidos por nós, no leito de amar
-
- Ali a paixão é como sol nas águas
Que nos aquece e faz entontecer
Tua voz diz-me livre de mágoas
Que p’ra mim vai cantar, até morrer
-
- De: Fernando Ramos
publicado por Fernando Ramos às 16:55

- CANTATAS PARA MARIA
-
- Na fresca manhã de primavera
No maravilhoso jardim de Maria
Chega a melodia
Ela se espalha, como o perfume
Das flores mais belas do seu canteiro
A melodia se vai aproximando
Dando-se a conhecer aquele
Ambiente tão natural
Apresentando-se como uma obra
Fantástica de Bach, tão fantástica
Que vai deixando o coração
De qualquer um
Num doce latejar de paixão
P’lo fascínio de uma cantata de Bach,
Que se ouve p’ra glória de Deus,
Deixando deslumbrada Maria
Tão deslumbrada, como se ela
Fizesse parte das flores de seu jardim
Onde lindas borboletas, nelas se vão
Maraposeando, pétala a pétala,
Brotando fragrâncias extraordinárias
Tão extraordinárias como um álbum
Completo de cantatas maravilhosas
- P'ra Maria,
- Oferecidos pelo próprio Bach,
Naquela linda, e fresca manhã primaveril
-
- de: Fernando Ramos
publicado por Fernando Ramos às 18:30