SOLDADO NO MEIO DO NADA
Fui soldado, num capim agreste
desconhecido de parte incerta
para quem vem de tão longe
À chuva e ao sol
combatia contra os medos
que nos perseguiam
nas noites de mil perigos
Por debaixo de um camião Berliet
carregado de areia,
que era o telhado de nossas vidas,
pensavamos estar protegidos
das agruras da guerra
E nas noites sentia-mos na pele
o grito do cacimbo Africano,
onde se escondia os nossos receios
p’la proximidade
de um inimigo bem real,
cuja sua sombra se pressentia
Nas terras de fim do mundo,
fui um soldado no meio do nada,
lutando por meu país
na África por tantos amada
e também amada por mim
Nessa terra cheia de valentes
na sua história,
eu não passei de apenas
como tantos, e tantos outros
de soldado desconhecido
Fui soldado, e homem de bem,
ali estive naquele campo,
rasgando a alma de esperança
com minha dor, sonhando com a paz,
e o amor do mundo
para um adversário, que como eu
também não passava de um soldado
no meio de nada
Este final terá de chegar...
Pensávamos nós, ex-combatentes
p’ra que possamos libertar
a pomba Branca
das gaiolas da loucura do homem
Hoje o tempo passou,
e o meu sentimento
de soldado da paz
se mantém p’la vida fora
de: Fernando Ramos